Por ampla maioria, Assembleia Geral da ONU pede mais uma vez fim do embargo a Cuba

Votação teve dois posicionamentos favoráveis a mais que em 2022, entre eles o do Brasil, contra as sanções impostas pelos EUA em 1962

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Por uma ampla maioria de 187 votos a favor, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou uma resolução pelo fim do embargo econômico norte-americano sobre Cuba.

A resolução deste ano teve dois votos favoráveis a mais que em 2022, incluindo do Brasil, que se absteve no ano passado. Após a votação, houve aplausos de pé dos diplomatas presentes na sala

Os dois votos contrários foram dos Estados Unidos e de Israel, e a única abstenção, da Ucrânia

O ministro das relações exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, apresentou na terça-feira (31) a resolução A/78/L5, intitulada “Necessidade de acabar com o embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”.

Ele disse que “as famílias carecem de bens, existem longas filas, preços excessivamente elevados e o governo faz grandes esforços para alimentar a sua população.” O ministro afirmou que o bloqueio priva a indústria agrícola de fundos para comprar ração animal, equipamentos industriais e outras necessidades para a produção de alimentos.

Parrilla ressaltou que “Cuba está impedida de comprar de empresas norte-americanas e suas subsidiárias em outros países, equipamentos, tecnologias, dispositivos médicos e produtos farmacêuticos de uso final e, portanto, é forçada a adquiri-los a preços exorbitantes por meio de intermediários ou a substituí-los”. Ele citou ainda depoimentos de famílias cubanas que lutam contra doenças graves.

Bandeira cubana do alto de Havana (Foto: Andrew Wragg/Flickr)
Mudança de voto do Brasil

A votação do texto foi antecedida e sucedida por pronunciamentos dos Estados-Membros da ONU. 

Antes da votação, o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese, disse que o país se absteve de votar a resolução no ano passado, mas que neste ano votaria a favor do encerramento do embargo.

O diplomata afirmou que as únicas sanções legítimas são as do Conselho de Segurança e acrescentou que “a rejeição do embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba desde 1962 é praticamente um consenso internacional.”

Danese acrescentou que “intensificar as relações econômicas com Cuba é o caminho correto que devem seguir todos os países interessados ​​em apoiar o desenvolvimento da ilha e melhorar as condições de vida de milhões de cidadãos cubanos.”

Justificativa dos EUA

Falando após a votação, o representante dos Estados Unidos disse que o país apoia a busca do povo cubano por “um futuro com respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.”

Ele disse que as sanções são “um conjunto de ferramentas” no esforço mais amplo dos EUA para encorajar Cuba a promover a democracia, o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais.

“Os EUA opõem-se a esta resolução”, disse ele, encorajando a Assembleia Geral a instar o governo cubano a cumprir as suas obrigações em matéria de direitos humanos “e a ouvir o povo cubano e as suas aspirações para determinar o seu próprio futuro”.

Contexto

Ano após ano, desde 1992, o mais alto órgão deliberativo das Nações Unidas pede aos Estados Unidos que encerrem as sanções à Cuba, mas o embargo permanece em vigor.

No ano passado, por exemplo, 185 Estados-Membros votaram a favor, dois contra (Israel, Estados Unidos), e dois se abstiveram (Brasil e Ucrânia). A maioria dos países manifestou preocupação com os efeitos adversos de tais medidas para o povo cubano e para os cidadãos cubanos que vivem em outros países.

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