Senado dos EUA pede compartilhamento máximo de inteligência com a Ucrânia

Solicitação surge após Vladimir Putin ter feito novas ameaças à Otan durante encontro com Emmanuel Macron em Moscou

O Comitê de Inteligência do Senado dos EUA, liderado pelo presidente da casa, Mark Robert Warner, do Partido Democrata, e pelo vice-presidente, o republicano Marco Rubio, se reuniu na quarta-feira (9), quando redigiu uma carta ao presidente Joe Biden para que compartilhe toda inteligência norte-americana possível com a Ucrânia. A solicitação ocorre em meio ao aumento da presença militar russa ao longo da fronteira com o país vizinho e das recentes intimidações do Kremlin.

“[O presidente russo] Vladimir Putin está ameaçando a liberdade e a segurança do povo ucraniano, e eles (a Ucrânia) mostraram sua ânsia de agir para defender sua soberania, liberdade e governo democraticamente eleito”, escreveram os senadores em carta ao mandatário da nação.

O documento aponta Moscou como uma ameaça global e insta Biden a fazer o “máximo possível” por Kiev.

Mark Warner, senador e líder do Comitê de Inteligência do Senado dos EUA durante encontro com militares em Washington (Foto: Mark Warner/Flickr)

“Para esse fim, solicitamos que os Estados Unidos compartilhem inteligência com a Ucrânia o máximo possível. A Rússia é o agressor, e precisamos armar a Ucrânia com informações críticas necessárias para defender seu país. Isso é do interesse da segurança nacional dos EUA, bem como de nossos aliados e parceiros na região. As ameaças da Rússia à Ucrânia são uma ameaça às democracias em todo o mundo, e pedimos que você faça o máximo possível para apoiar a Ucrânia neste momento crítico”, diz o documento.

A reivindicação surge após Putin lançar novas advertências à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e seus aliados durante encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, ocorrido na segunda-feira (7), em Moscou. Na ocasião, o líder russo alertou que a Europa poderia ser arrastada para um conflito em larga escala no caso de a Ucrânia se juntar à Aliança Atlântica ou tentar recuperar a Crimeia.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia colocou em alerta não apenas os países vizinhos, em especial as nações bálticas, mas também as principais potências ocidentais. A crise entre Moscou e Kiev remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e segue até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe o governo ucraniano às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com o suporte de Moscou. Em 2021, a situação ficou especialmente delicada, com a ameaça de uma invasão integral da Rússia à Ucrânia.

Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilhou informações de inteligência com seus aliados. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas necessárias.

A inteligência da Ucrânia calcula a presença de mais de 120 mil tropas nas regiões de fronteira, enquanto especialistas calculam que sejam necessárias 175 mil para uma invasão. Já a inteligência dos EUA afirma que um eventual ataque ao país vizinho por parte da Rússia ocorreria pela Crimeia e por Belarus.

Um conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou como os anteriores. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a desenvolver e ampliar suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, se isso ocorrer, as tropas russas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.

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