Após mais de três anos, mulher que manchou cartaz de Xi Jinping segue desaparecida

Governo chinês não dá notícias de Dong Yaoqiong desde 2021, quando ela foi enviada pela segunda vez a uma clínica psiquiátrica

A mulher que em 2018 entrou na mira do governo chinês por jogar tinta em um cartaz com a foto do presidente Xi Jinping está desaparecida há mais de três anos. Beijing não divulga qualquer informação sobre Dong Yaoqiong desde que ela foi enviada pela segunda vez a uma clínica psiquiátrica, em 2021. As informações são da revista Newsweek.

Yaoqiong chamou a atenção do mundo em 2018 depois de espirrar tinta em um material de propaganda do líder chinês durante um protesto transmitido no Twitter. Ela foi enviada compulsoriamente a um hospital psiquiátrico naquele mesmo ano, foi libertada em 2019 e em fevereiro de 2021 retornou à instituição.

De acordo com o grupo de direitos humanos Weiquanwan (Rede de Proteção de Direitos), a falta de informações por parte do governo não permite que se saiba sequer se ela ainda está viva.

Xi Jinping no escritório das Nações Unidas em Genebra. 18 de janeiro de 2017 (Foto: UN Geneva/Flickr)

“Atualmente, Dong Yaoqiong, uma jovem que está detida em um hospital psiquiátrico há mais de três anos e oito meses, está em estado de desaparecimento forçado, e sua vida ou morte são desconhecidas”, afirma a entidade.

O pai da jovem, Dong Jianbiao, também foi preso quando tentou visitar a filha e morreu na prisão em setembro de 2022. Oficialmente, o governo chinês diz que ele morreu em virtude de problemas potencializados pela diabetes, mas um ativista que viu o corpo de homem e posteriormente fugiu da China alega que o corpo tinha diversos ferimentos.

O pai sempre negou que a filha tivesse problemas mentais e repetidamente exigiu que a polícia explicasse qual crime ela filha havia cometido, cobrando ainda informações sobre seu paradeiro. Ele, então, foi condenado a três anos de prisão por ameaçar incendiar a casa de sua ex-mulher em 2021, acusação que surgiu após sua filha ser enviada de novo ao hospital psiquiátrico.

“O governo chinês tem um longo histórico de uso indevido de hospitais psiquiátricos para prender dissidentes e ativistas”, disse à Newsweek a diretora associada da ONG Human Rights Watch (HRW) na China, Maya Wang. “Para agravar esse problema, há o fato de que qualquer pessoa na China pode ser mantida nessas instalações por um período indeterminado de tempo com base na existência ou simplesmente na alegação de uma deficiência psicossocial pelas autoridades, familiares e empregadores.”

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