Pressionadas por tarifas elevadas nos mercados ocidentais, as montadoras chinesas estão intensificando sua presença na África com foco em veículos elétricos e híbridos. A estratégia, que tem como porta de entrada a África do Sul, busca aproveitar o potencial ainda inexplorado do continente e transformar o atual cenário de baixa adesão a novas tecnologias automotivas. As informações são da agência Reuters.
Fabricantes como BYD, Chery Auto e Great Wall Motor (GWM) querem ganhar terreno onde rivais tradicionais enfrentam dificuldades, apostando em preços competitivos e na introdução gradual de tecnologias híbridas. “Tratamos a África do Sul como um mercado muito importante para nossa expansão global”, declarou Tony Liu, CEO da Chery South Africa, ao descrever o país como “porta de entrada para o continente africano”.
Dos 14 fabricantes chineses ativos atualmente na África do Sul, quase metade chegou ao país apenas no último ano. Outros nomes como DongFeng, Leapmotor, Dayun e Changan planejam estrear em breve. Para ampliar a competitividade, empresas como Chery e GWM avaliam parcerias e até a construção de fábricas locais, aproveitando subsídios do governo sul-africano para veículos produzidos no país.

A Chery anunciou o lançamento de oito novos modelos híbridos no mercado sul-africano, além de crossovers e uma picape com estreia prevista para 2025. Também pretende trazer ao país sua linha de veículos elétricos iCar e a marca Lepas. A BYD, maior montadora chinesa de elétricos e híbridos, dobrou seu portfólio na região. O preço inicial dos veículos gira em torno de 400 mil rands (R$ 124 mil).
A aposta das empresas está nos híbridos plug-in, considerados mais viáveis em regiões com infraestrutura elétrica limitada. “Os veículos elétricos ainda não decolaram na África do Sul”, afirmou Hans Greyling, gerente da Omoda & Jaecoo no país. “Optamos por híbridos tradicionais ou híbridos plug-in.”
As vendas de veículos da categoria “nova energia” – que inclui elétricos e híbridos – ainda são modestas, mas estão em crescimento. Em 2023, o segmento representou 3% das vendas de carros novos na África do Sul, com 15.611 unidades comercializadas, principalmente híbridos convencionais. “Com base na nossa experiência na China, quando a participação de mercado atinge cerca de 10%, a demanda explode”, disse Liu.
A Omoda & Jaecoo, que atua em quatro países africanos e possui 52 concessionárias, pretende triplicar as vendas em 18 meses e expandir para Zâmbia e Tanzânia. Já a BYD, que entrou no mercado africano em 2023, planeja ampliar sua rede de distribuição no leste, sul e oeste do continente.
“A África tem uma grande oportunidade de dar um salto direto dos motores a combustão para a energia renovável”, afirmou Steve Chang, gerente da BYD Auto South Africa. “A África é um mercado muito grande.”