Novas imagens de satélite revelam que a China instalou um sistema de defesa antiaérea com mísseis terra-ar nas Ilhas Paracel (Xisha para os chineses), arquipélago controlado por Beijing e reivindicado também por Taiwan e Vietnã no Mar da China Meridional. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
Em sua conta no Twitter, uma analista de código aberto que mantém a identidade em sigilo compartilhou a foto, feita pela empresa especializada Maxar Technologies. Ela mostra o que seriam várias instalações recentes na ilha Woody, parte do disputado arquipélago cuja principal cidade é Sansha.
“Uma ótima imagem mostra o recém-construído local de defesa aérea em Sansha (Mar da China Meridional/Ilhas Paracel). Supostamente um batalhão HQ-9”, diz o texto.
#PLAN #Sansha
— Iron Lady (@nuwangzi) January 24, 2023
A great image shows the newly-built air defense site at Sansha (South China Sea/Paracel Islands).
Allegedly a HQ-9 battalion pic.twitter.com/vIfrIlEaGO
De acordo com o site especializado Military Today, o Hong Qi 9, ou HQ-9, é um sistema de mísseis de defesa aérea chinês capaz de “interceptar várias aeronaves, helicópteros, UAVs (veículos aéreos não tripulados), mísseis de cruzeiro, mísseis ar-terra, bombas guiadas e mísseis balísticos de médio e longo alcance”.
Na ilha, é possível identificar quatro prédios com tetos retráteis, sendo que dentro deles estão o que parecem ser os lançadores de mísseis HQ-9. A estrutura lembra outra criada pelo Exército de Libertação Popular (ELP) nas Ilhas Spratly, igualmente alvo de disputa territorial entre Beijing e nações vizinhas.
Em maio de 2022, imagens de satélite divulgadas pela Simularity Inc., empresa norte-americana de inteligência geoespacial, mostraram que a China está erguendo novas estruturas nos recifes de Subi, parte das Ilhas Spratly.

As fotos de maio mostravam sete novas construções em andamento em Subi, a segunda maior estrutura natural das Spratly, atrás apenas de Taiping, atualmente ocupada por Taiwan. Lá foi instalada uma importante base militar da China, que desde 2013 está empenhada em dragar a área para a construção de ilhas artificiais.
O comandante dos EUA no Indo-Pacífico, almirante John C. Aquilino, disse em março do ano passado que três ilhas artificiais nas Spratly estão totalmente militarizadas. Os territórios marítimos estão guarnecidos por sistemas de mísseis antinavio e antiaéreos, equipamentos de laser e interferência e contam com caças da força aérea chinesa, um movimento visto como “ameaça às nações que operam nas proximidades”.
Por que isso importa?
Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas.
Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.
Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para realizar patrulhas, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas internacionais e no espaço aéreo.
Segundo Aquilino, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo”.
Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.