Canais de comércio entre a China e sudeste asiático facilitam tráfico de animais, aponta relatório

Lojas peças e produtos de animais silvestres representavam uma fatia significativa nessas rotas entre 2019 e 2020

Uma investigação do watchdog Traffic apontou que as zonas econômicas criadas para facilitar o comércio entre a China e vizinhos do sudeste asiático facilitaram o tráfico de animais silvestres na região. Entre 2019 e 2020, mercados não regulamentados representavam uma fatia significativa da atividade comercial nesses canais.

Os pesquisadores identificaram mais de mil pontos em vilas e cidades de Laos, Tailândia, Vietnã, Mianmar e Camboja com cerca de 78 mil peças e produtos de animais selvagens à venda. Mais de 70% dos itens derivavam de elefantes, sobretudo produtos de marfim.

Canais de comércio entre a China e sudeste asiático facilitam tráfico de animais, aponta relatório
Loja com propaganda de peças em marfim em rota comercial chinesa em Laos, 2020 (Foto: Divulgação/Traffic/Kanitha Krishnasamy)

Conforme os especialistas, a maior parte da demanda vem de turistas chineses. Até o início da pandemia, quando as viagens foram proibidas, cerca de 20 milhões de cidadãos da China visitavam os países todos os anos e impulsionaram o comércio de animais selvagens da região, disse o líder regional do WWF K. Yoganand ao site Mongabay.

As restrições não abalaram esse tipo de comércio. “Há muitos turistas chineses. Então, mesmo que apenas uma pequena proporção compre marfim e outros produtos da vida selvagem, ainda é um volume enorme”, apontou o líder da WWF.

Pandemia não reduziu comércio

Itens de marfim continuaram como protagonistas das transações durante a pandemia, apesar de serem vendidos em volumes menores. “Seria ingênuo pensar que o tráfico cairá por conta da pandemia”, disse a diretora do Traffic no sudeste asiático Kanitha Krishnasamy. “O comércio permanece e, em alguns casos, se prolifera”.

O fomento desse comércio no sudeste asiático coincide com o período posterior à proibição de Beijing ao comércio de marfim dentro de suas fronteiras, em 2017. “Após a proibição, os turistas passaram a procurar esses países para adquirir os produtos”, afirmou.

Em nota à imprensa, o Traffic anunciou que continuará monitorando a região para compreender as nuances das transações entre traficantes e consumidores.

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