Cinco anos após o início da pandemia na cidade de Wuhan, nesta terça-feira (31), a China descartou os pedidos da Organização Mundial da Saúde (OMS) para ampliar o compartilhamento de dados sobre a Covid-19, argumentando que o país tem cumprido com princípios de “transparência científica”. A posição de Beijing foi apresentada pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, durante uma coletiva de imprensa na capital chinesa. As informações são da BBC.
De acordo com Mao, “a China sempre manteve uma postura de abertura e transparência científica no rastreamento da origem da Covid-19, além de apoiar e participar ativamente dos esforços globais nesse sentido”. A declaração veio um dia após a OMS ter solicitado à China acesso a dados e informações que poderiam ajudar a compreender melhor as origens do coronavírus.
A Covid-19, que emergiu no final de 2019, mudou drasticamente o panorama global, levando a bloqueios generalizados e à morte de pelo menos 7,1 milhões de pessoas, conforme estimativas da OMS. A organização destacou que o compartilhamento de dados entre os países é uma “obrigação moral e científica” e que a falta de transparência pode comprometer a preparação mundial para futuras epidemias e pandemias.
O pedido da OMS ocorre em um momento em que algumas regiões, como a Austrália, enfrentam novos surtos do vírus. Em Queensland, uma média de 258 pacientes foi registrada diariamente em hospitais públicos entre 9 e 15 de dezembro, evidenciando que a pandemia ainda é uma realidade para diversas nações.
Beijing, no entanto, insiste que já desempenhou um papel ativo no combate à Covid-19. A porta-voz Mao afirmou que o país “compartilhou prontamente informações sobre a epidemia e a sequência genética do vírus com a OMS e a comunidade internacional”. Além disso, ressaltou que a China também dividiu sua experiência em prevenção, controle, diagnóstico e tratamento da doença com outros países.
Apesar das garantias, a postura do governo chinês levanta questões sobre a transparência no compartilhamento de informações cruciais para o entendimento da pandemia. Especialistas argumentam que a colaboração internacional é fundamental para desvendar as origens do vírus e evitar a repetição de uma crise global de saúde pública.
Os primeiros casos de Covid-19 foram relatados em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na província de Hubei, com as autoridades locais divulgando a primeira nota oficial sobre uma “pneumonia viral” em 31 de dezembro. Desde então, a China vem sendo alvo de críticas de alguns países e organizações por não fornecer informações completas sobre os estágios iniciais do surto.
Em resposta às críticas, Mao Ning enfatizou que a China “se opõe firmemente a qualquer forma de manipulação política” e reafirmou o compromisso do país com a ciência. No entanto, a tensão entre Beijing e a OMS reflete desafios maiores na construção de uma abordagem coordenada para enfrentar emergências globais de saúde.