Os Estados Unidos divulgaram imagens de mais de 180 incidentes em que caças chineses interceptaram aeronaves norte-americanas nos céus do Pacífico ocidental nos últimos dois anos, número que supera o total de ocorrências do tipo relatadas em toda a década anterior. A informação foi dada na terça-feira (17) por Ely Ratner, o principal funcionário do Pentágono para a segurança na região do Indo-Pacífico, e repercutida pela rede CNN.
Segundo Ratner, desde o segundo semestre de 2021, houve um aumento significativo nos casos de comportamento “coercitivo e arriscado” por parte de pilotos chineses em relação às aeronaves norte-americanas sobre o Mar da China Meridional e o Mar da China Oriental.
Ele descreveu a situação como uma ação “coordenada e direcionada” das autoridades chinesas para pressionar uma “alteração na atividade operacional legal dos EUA”.
Para enfatizar a gravidade desse padrão, o Pentágono divulgou fotos e vídeos antes confidenciais, que mostram caças chineses interceptando aeronaves dos EUA enquanto estas operavam no espaço aéreo internacional.
Um dos registros divulgados mostra um jato chinês lançando sinalizadores sobre o Mar da China Oriental, em julho. De acordo com o Pentágono, o caça lançou oito sinalizadores a uma distância de apenas 900 pés de uma aeronave norte-americana.
Outro vídeo mais recente, datado de setembro, mostra um jato chinês se aproximando a apenas 15 metros de uma aeronave americana sobre Mar da China Meridional.
A definição de “coercitivo e arriscado”, dada por Ratner e que ilustra esses casos, é vista como um nível de ameaça ligeiramente menor em comparação com a descrição de “inseguro e pouco profissional”, que é empregada quando vidas estão em perigo, conforme ressaltado pelo almirante John Aquilino, líder do Comando Indo-Pacífico dos EUA.
“Essas imagens e vídeos falam por si. As aeronaves dos EUA estão operando de forma segura, responsável e de acordo com o direito internacional. Na verdade, a habilidade e o profissionalismo dos militares americanos não devem ser a única linha de defesa contra um acidente potencialmente fatal envolvendo os pilotos chineses do Exército de Libertação Popular (ELP)”, afirmou Ely Ratner.
De acordo com o DoD, não há justificativa para esse tipo de comportamento. “Por décadas, os Estados Unidos operaram com segurança, responsabilidade e em conformidade com o direito internacional na região, e continuaremos a fazê-lo. Nossos aliados e parceiros valorizam nossa presença militar, pois ela apoia nossa visão compartilhada de um Indo-Pacífico livre e aberto”, observou.
Nem só nos céus
As ações chinesas não se limitam ao espaço aéreo internacional. De acordo com Ratner, isso é apenas uma parte de “um comportamento mais amplo adotado pelo Exército de Libertação Popular da China em toda a região, abrangendo diversos setores e geografias.”
Além das ações no espaço aéreo, navios chineses têm assediado navios de guerra dos EUA e seus aliados nas águas do Mar da China Oriental e do Mar da China Meridional. Ratner acrescenta que esse padrão se estende a ações em terra contra parceiros indianos. Essas intervenções fazem parte de um quadro muito mais amplo de comportamento agressivo, disse ele.