A China anunciou novas e rígidas regras para limitar a divulgação de informações militares online, atingindo não apenas especialistas, mas também cidadãos comuns. A partir de 1º de março, qualquer publicação sobre movimentação de tropas, exercícios militares ou novos armamentos poderá ser considerada ilegal, mesmo que compartilhada de forma casual por quem testemunhar esses eventos. As informações são da rede CNN.
As regulamentações, elaboradas por dez órgãos do governo e do Partido Comunista Chinês (PCC), fazem parte da campanha do presidente Xi Jinping para fortalecer a segurança nacional e proteger segredos de Estado, em meio ao aumento das tensões geopolíticas. O governo alega que o objetivo é conter a “propagação de informações militares falsas” e evitar o “vazamento de segredos militares”.
O alcance das novas regras preocupa especialistas porque afeta diretamente o trabalho de blogueiros e comentaristas que, até agora, contribuíam para o monitoramento do Exército de Libertação Popular (ELP) com informações abertas ao público.

“Considero o anúncio dessas regulamentações nada mais do que a institucionalização de regras já existentes”, afirmou James Char, especialista em assuntos militares chineses do S. Rajaratnam School of International Studies, em Singapura.
Além de restringir o conteúdo de especialistas, as medidas proíbem cidadãos comuns de compartilharem imagens ou vídeos de manobras militares que possam testemunhar em suas localidades.
“Isso pode afetar a disposição dessas pessoas de postar materiais online da próxima vez que se depararem com movimentações de tropas ou exercícios militares”, disse Char.
Nos últimos anos, imagens amadoras divulgadas por entusiastas militares revelaram detalhes sobre novos sistemas de armas e exercícios do ELP, oferecendo pistas importantes para analistas internacionais. Agora, com as novas restrições, esse tipo de informação pode desaparecer da internet chinesa.
O governo chinês também ampliou o escopo do que considera informações sensíveis. O banimento abrange desde detalhes sobre o desenvolvimento e o teste de armamentos até a estrutura organizacional e a capacidade de combate de unidades militares não divulgadas oficialmente.
Embora algumas dessas proibições já existissem em legislações anteriores, a nova regulamentação torna mais explícita a criminalização da divulgação não autorizada. Críticas à política de defesa da China e postagens que “denigram” as forças armadas continuam proibidas.
Para David Bandurski, diretor executivo do China Media Project, as novas regras refletem o interesse da liderança chinesa em controlar não apenas informações estratégicas, mas também a narrativa pública sobre o desenvolvimento militar do país.
“O conteúdo relacionado à defesa e às Forças Armadas é extremamente popular entre os usuários da internet chinesa, mas a liderança quer garantir que informações sensíveis e especulações não comprometam a versão oficial sobre as capacidades militares da China”, escreveu ele em uma análise publicada pelo projeto.