China intensifica expurgo militar e expulsa ex-ministros da Defesa do Partido Comunista

Mídia estatal chinesa anunciou os afastamentos de Li Shangfu e do antecessor dele, Wei Fenghe, ambos acusados de corrupção

O Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou nesta quinta-feira (27) as expulsões do ex-ministro da Defesa Li Shangfu e do antecessor direto dele, ambos acusados de corrupção, segundo a emissora estatal CCTV. Recentemente, o presidente Xi Jinping admitiu que o Exército de Libertação Popular (ELP) enfrenta “problemas profundos” relacionados a política, ideologia, estilo de trabalho e disciplina. As informações são da rede CNN.

Li foi afastado de seu cargo em outubro do ano passado sem qualquer explicação, após ficar dois meses fora da vista do público, em meio a uma séria turbulência que abalou as maiores Forças Armadas do mundo. Ele era responsável pela aquisição e desenvolvimento de armas.

O desaparecimento misterioso de Li e sua demissão abrupta, após poucos meses no cargo, geraram intensa especulação, especialmente após a remoção sem explicação de dois generais da Força de Foguetes do ELP. O anúncio desta quinta foi a primeira confirmação oficial de que alegações de corrupção estão por trás do caso.

Ex-ministro da Defesa Li Shangfu (Foto: WikiCommons)

Em um sinal da remoção sistemática de alto nível, o antecessor de Li, Wei Fenghe, também foi expulso do PCC por suspeita de corrupção. Ambos eram membros da Comissão Militar Central, liderada por Xi, que supervisiona as Forças Armadas.

Agências de notícias estatais chinesas anunciaram que Li e Wei, ex-ministros da Defesa, foram expulsos do PCC por “grave violação da disciplina partidária e da lei”. Ambos foram desqualificados como delegados para o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista, conforme decidido pelo Birô Político do Comitê Central do partido.

Li é suspeito de buscar benefícios pessoais e para outros através de acordos de pessoal, aproveitando suas posições para ganhos ilícitos e recebendo uma grande quantia em dinheiro e objetos de valor, configurando suspeita de ter aceitado de suborno, detalhou a agência disciplinar e de supervisão do PCC.

Wei também foi acusado de “aceitar dinheiro e presentes em violação das regras relevantes”. Xi foi citado pela CCTV dizendo que “não deve haver espaço para elementos corruptos no exército.”

Segundo a mídia estatal, as ações de Li e Wei, como altos funcionários do partido e dos militares, são consideradas “extremamente sérias, com um impacto altamente prejudicial e danos tremendos.” Ambos os casos foram encaminhados aos órgãos de acusação das Forças Armadas para análise e acusação. Pouco se sabe sobre onde estão atualmente ou sobre suas respostas às acusações de suborno, segundo a rede NBC.

Antes de assumir o cargo de Ministro da Defesa, Li liderou o Departamento de Desenvolvimento de Equipamentos das Forças Armadas por cinco anos. Enquanto isso, Wei foi o primeiro comandante da recém-renovada Força de Foguetes.

Exército inoperante

Os casos de corrupção teriam forçado Xi a mudar os planos no meio do processo de modernização militar, colocando o combate aos desvios de dinheiro como prioridade. Assim, em julho do ano passado, o presidente chinês criou um novo mecanismo para investigar vazamentos de informações e licitações direcionadas para beneficiar determinadas empresas.

Veio, então, o expurgo. A primeira vítima foi justamente, que ocupou o cargo por apenas sete meses. Também caíram cinco autoridades da força de mísseis do ELP, dois membros do Departamento de Desenvolvimento de Equipamentos e três executivos de empresas estatais de fabricação de mísseis. Sem contar as demissões mantidas sob sigilo.

O processo de caça aos corruptos inclusive comprometeu eventuais planos do país de entrar em uma guerra neste momento. Autoridades norte-americanas ouvidas pela rede Bloomberg disseram que qualquer grande ação militar, como uma eventual invasão de Taiwan, teria que ser adiada por alguns anos.

As fontes, cujas identidades foram mantidas em sigilo, disseram que o desvio de dinheiro teria levado a situações constrangedoras, como silos de mísseis incapazes de operar em função de componentes carentes de manutenção e foguetes com água misturada ao combustível, o que impediria um eventual lançamento em caso de guerra.

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