Sumido há semanas, Ministro da Defesa da China está sob investigação, dizem os EUA

Washington acredita que Li Shangfu está envolvido em um escândalo de corrupção e por isso foi destituído de suas funções

Segundo informações de três autoridades norte-americanas e duas fontes com conhecimento sobre inteligência, o governo dos Estados Unidos acreditam que o ministro da Defesa da China, Li Shangfu, está sob investigação. Tal situação ocorre em meio à crescente agitação no cenário militar e de política externa de Beijing. As informações são do Financial Times.

De acordo com essas fontes, Washington concluiu que Li, que não é visto em público há mais de duas semanas, foi destituído de suas funções como chefe da pasta da Defesa. Um dos funcionários afirmou que a investigação relacionada a Li, que liderou o principal departamento do Exército de Libertação Popular (ELP) responsável pela aquisição e desenvolvimento de armas, está relacionada à suspeita de corrupção.

Essa investigação surge dois meses após o presidente chinês Xi Jinping ter destituído os dois principais generais responsáveis pela Força de Foguetes do ELP, que supervisiona o rápido crescimento do arsenal de mísseis de longo alcance e armas nucleares do país.

Li Shangfu durante visita à Academia Militar do Estado-Maior General das Forças Armadas da Federação Russa em 2023 (Foto: WikiCommons)

Qin Gang, ex-ministro das Relações Exteriores da China, também sumiu dos holofotes por um mês antes de ser destituído do cargo em julho. Agora o caso se repete, e a investigação em curso relacionada a Li levanta dúvidas sobre a eficácia da campanha anticorrupção liderada por Xi, que atua como presidente da Comissão Militar Central da China, direcionada às forças armadas do país.

Dennis Wilder, ex-especialista da CIA em relação ao ELP, observou que o departamento de equipamento, anteriormente liderado por Li, tinha um histórico de corrupção significativa dentro das forças armadas chinesas.

Em julho, esse departamento emitiu um comunicado pedindo ao público que fornecesse informações sobre casos de corrupção em suas fileiras, datado de outubro de 2017, um mês após Li assumir o cargo.

No entanto, uma autoridade dos Estados Unidos esclareceu que ainda não está claro se a investigação que envolve o general está relacionada à corrupção durante seu período como chefe do departamento de equipamento ou a outras questões.

As fontes que possuem informações sobre a inteligência não especificaram o motivo que levou a administração Biden a concluir que Li estava sob investigação. Até o momento, a Casa Branca não fez comentários a respeito, e a embaixada chinesa nos EUA preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

Na semana passada, Rahm Emanuel, o embaixador dos Estados Unidos no Japão, gerou especulações sobre Li ao fazer uma postagem no X, antigo Twitter, onde comparou o governo chinês à trama do romance de Agatha Christie “E Não Sobrou Nenhum“. Na história, os personagens vão desaparecendo um a um, seguindo a história de um conto infantil.

A cientista política e especialista em China do Programa Indo-Pacífico do German Marshall Fund dos Estados Unidos, Bonnie Glaser, afirmou que a destituição de Li pode ter um impacto positivo nas relações militares entre os Estados Unidos e a China. Isso porque Beijing se recusou a agendar qualquer encontro entre Li e o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, enquanto as sanções da Casa Branca contra o ministro chinês estiverem em vigor.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta sexta-feira (15) que Washington está “totalmente preparada para interagir com o governo chinês, independentemente de quem esteja ocupando os cargos de responsabilidade em um determinado momento”. No entanto, ele disse não ter conhecimento da situação atual de Li.

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