China intensifica presença em águas disputadas com a Coreia do Sul e eleva tensões na região

Beijing instalou estrutura em águas disputadas na fronteira marítima, ampliando tensões e realizando exercícios militares

A China instalou uma nova estrutura em águas sensíveis próximas à fronteira marítima disputada com a Coreia do Sul, gerando preocupações sobre suas intenções de reforçar reivindicações territoriais em um momento de instabilidade política em Seul. A medida foi amplamente criticada por especialistas e autoridades sul-coreanas, que alertam para os riscos de uma escalada na região. As informações são da revista Newsweek.

A estrutura foi erguida dentro da Zona de Medidas Provisórias, criada em 2001 para gerenciar disputas sobre zonas econômicas exclusivas (ZEEs) sobrepostas entre China e Coreia do Sul. O acordo que rege a região impede a construção de instalações e a exploração de recursos naturais que não sejam relacionados à pesca, enquanto os dois países não definem permanentemente os limites territoriais.

Navios da Marinha da República da Coreia a caminho do Mar Amarelo (Foto: WikiCommons)

Historicamente, a Coreia do Sul tem expressado preocupações sobre embarcações pesqueiras chinesas operando ilegalmente dentro de sua ZEE, que se estende por 200 milhas náuticas (aproximadamente 370 quilômetros) de sua costa e garante direitos exclusivos sobre recursos naturais. Agora, a instalação de estruturas pela China eleva a tensão diplomática.

Movimentos de Beijing

A nova estrutura, com mais de 50 metros de altura e largura, foi identificada por satélites de reconhecimento sul-coreanos, de acordo com informações do jornal Chosun. Autoridades afirmam que ela segue outras instalações semelhantes erguidas em abril e maio de 2024, que já haviam provocado protestos do governo sul-coreano. Na ocasião, a China justificou as construções como “instalações de apoio à pesca”.

Autoridades de Seul alertaram que Beijing pode construir até uma dúzia de instalações adicionais na área, consolidando sua presença no Mar Ocidental (também conhecido como Mar Amarelo).

Respostas sul-coreanas

Sob a liderança do presidente Yoon Suk-yeol, agora enfrentando acusações e resistindo à prisão por sua decisão de impor temporariamente a lei marcial, o governo sul-coreano chegou a discutir respostas diplomáticas e estratégicas quando as primeiras estruturas foram detectadas no início de 2024.

Lee Dong-gyu, pesquisador do Asan Institute for Policy Studies, destacou que a China não se limita à construção de estruturas na região. “Beijing também tem conduzido exercícios militares, o que evidencia suas ambições de estabelecer controle efetivo sobre o Mar Ocidental”, disse em entrevista ao Chosun. Para Lee, essas ações são parte de uma estratégia para obter vantagem em futuras negociações bilaterais.

Cenário de escalada

Embora a disputa pelo Mar Amarelo seja historicamente menos acirrada do que as tensões envolvendo as Filipinas, analistas alertam que a China pode intensificar sua presença caso as relações com os Estados Unidos, aliado da Coreia do Sul, se tornem ainda mais conturbadas.

Em uma análise publicada em 2021, Chungjin Jung, tenente-coronel da Força Aérea da Coreia do Sul e acadêmico visitante no Centro de Estudos de Segurança Ásia-Pacífico, observou: “Diante da postura assertiva da China em relação à soberania e aos direitos marítimos, é incerto quais medidas ofensivas Pequim pode adotar contra a Coreia no futuro”.

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