China oferece benefícios para ter entregadores de comida como espiões do Partido Comunista

O profissional que ajudar a denunciar transgressões em seu bairro terá acesso a uma área com comida, água e outros serviços

O Partido Comunista Chinês (PCC) percebeu que têm ao alcance um batalhão de cerca de 12 milhões de potenciais aliados e pretende usá-los para ajudar a espionar sua própria população. São os entregadores de comida do país, convocados a servir a Beijing em troca de benefícios básicos durante a exaustiva rotina de trabalho. As informações são do site Radio Free Asia (RFA).

Documentos oficiais publicados nesta semana indicam que o primeiro alvo de Beijing serão entregadores de comida já associados ao PCC. Estes serão convidados a atuar como “supervisores” das comunidades em que atuam profissionalmente, com a missão de reportar “quaisquer problemas de segurança”. A expressão, propositalmente genérica, tende a se tornar uma arma para impor a ideologia do partido.

Entregador de comida na ativa na China (Foto: Chris/Flickr)

Aqueles que não são registrados no PCC também estão na mira. Para convencê-los a vigiar os cidadãos, o governo vai estimular comitês regionais e empresas a criarem estações de apoio aos entregadores que se cadastrarem. Em troca de seus serviços como fiscais governamentais informais, eles terão acesso a locais com comida, água e medicamentos, onde poderão descansar entre uma entrega e outra.

Os entregadores, assim, ajudarão a fortalecer um projeto de vigilância comunitária que já está em funcionamento no país. Dentro desse sistema, as cidades são subdivididas em setores compostos por até 20 famílias, sendo que cada um deles conta com um monitor encarregado de reportar às autoridades locais eventuais transgressões.

Colocar civis para servir à repressão estatal não chega a ser novidade na China. No ano passado, o governo convocou seus cidadãos para ajudar no combate à espionagem estrangeira, estabelecendo canais para que indivíduos possam denunciar atividades suspeitas e fornecendo recompensas aos colaboradores.

Pelo WeChat, uma plataforma local de mensagens instantâneas, o Ministério da Segurança do Estado, a principal agência encarregada de supervisionar a inteligência estrangeira, enfatizou na ocasião a importância de mobilizar as massas para garantir a segurança do país e aumentar a consciência pública sobre a importância de proteger informações sensíveis.

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