China convoca a nação inteira para auxiliar no combate à espionagem estrangeira

Beijing irá criar um sistema de recompensas para tornar comum a participação da população na contraespionagem, anunciou o Ministério da Segurança do Estado

Sob a justificativa de proteger a nação da coleta estrangeira de informações sigilosas, nesta terça-feira (1°), o Ministério da Segurança do Estado da China divulgou uma mensagem pela qual insta os cidadãos do país a se envolverem ativamente no trabalho de contraespionagem ao lado do governo. As informações são da agência Reuters.

Para isso, será criado um sistema que normalizará a participação da população nesse trabalho que é tipicamente do Estado, em uma iniciativa que visa a ampliar a segurança nacional. A ideia é estabelecer canais específicos para que indivíduos possam denunciar atividades suspeitas, sendo que aqueles que colaborarem serão recompensados.

Pelo WeChat, uma plataforma local de mensagens instantâneas, o Ministério da Segurança do Estado, a principal agência encarregada de supervisionar a inteligência estrangeira, enfatizou a importância de mobilizar as massas para garantir a segurança do país e aumentar a consciência pública sobre a importância de proteger informações sensíveis.

Bandeira da China na Estação Ferroviária de Xangai (Foto: WikiCommons)

A proposta surge na esteira da expansão da lei de contraespionagem, que entrou em vigor há um mês e fornece uma base legal para punir indivíduos e organizações que sejam considerados uma ameaça aos interesses chineses, entre eles jornalistas e empresários.

A nova legislação, que proíbe a transferência de informações relacionadas à segurança nacional e a interesses não especificados, gerou preocupação nos Estados Unidos. Segundo Washington, essa proibição pode resultar em penalidades para empresas estrangeiras que operam na China, mesmo em suas atividades comerciais regulares.

A lei concede às autoridades encarregadas das investigações antiespionagem o direito de acessar dados, equipamentos eletrônicos e informações relacionadas à propriedade pessoal.

O Ministro da Segurança do Estado, Chen Yixin, enfatizou a prioridade da segurança política, destacando a importância de proteger o sistema político do país, com “ênfase na liderança e posição do Partido Comunista da China (PCC) e do sistema socialista com características chinesas”.

Nos últimos anos, a China deteve várias pessoas, tanto cidadãos chineses quanto estrangeiros, sob suspeita de espionagem, incluindo um executivo da empresa japonesa Astellas Pharma em março.

A jornalista australiana de origem chinesa Cheng Lei, acusada de fornecer segredos de Estado a outro país, está detida desde setembro de 2020.

Essas prisões ocorrem enquanto nações ocidentais, principalmente os Estados Unidos, acusam a China de espionagem e ataques cibernéticos, o que Beijing nega. Em resposta, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que os Estados Unidos são o “império do hacking”.

Tags: