China realiza exercícios militares e alega ter ‘imobilizado’ Taiwan por todos os lados

Beijing diz que manobras são uma 'punição' ao território devido às pretensões separatistas reforçadas pelo novo presidente

O Exército de Libertação Popular (ELP) da China iniciou nesta quinta-feira (23) exercícios militares nas proximidades de Taiwan, fortalecendo assim sua retórica contra a ilha. Segundo Beijing, a iniciativa é uma “punição” aplicada ao território devido a suas pretensões separatistas, que têm sido reforçadas desde a posse do novo presidente taiwanês, Lai Ching-te.

“Projetados para cercar a ilha de Taiwan tanto no leste quanto no oeste, os exercícios mostram a capacidade de ataque do ELP em todas as direções da ilha, sem quaisquer pontos cegos, formando uma situação em que a ilha é imobilizada por ambos os lados”, disse o jornal Global Times, ligado ao Partido Comunista Chinês (PCC).

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, que considera a ilha como um de seus territórios. A queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelo ELP para anexar Taiwan formalmente.

Barcos com mísseis anexados da Marinha da China, abril de 2024 (Foto: eng.chinamil.com.cn/Wan Songtao)

Desdobramentos recentes, como uma manobra secreta conduzida em parceria pelos EUA e Taiwan e a posse do novo chefe de Estado taiwanês, inflamaram a retórica de Beijing. Na terça-feira (21), o chanceler chinês Wang Yi condenou as  “atividades separatistas” da ilha, disse que elas comprometem a paz na região e que é apenas uma questão de tempo até que o território retorne “ao seio da pátria mãe.”

De acordo com o capitão Li  Xi, porta-voz do Comando do Teatro Oriental do ELP, a Marinha, o Exército, a Força Aérea e a força de mísseis da China foram mobilizados para os exercícios, que se estenderão até sexta-feira (24).

Ao justificar a recente hostilidade chinesa, o Global Times recuou a 2022 e recordou  a visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para ilha em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing.

O periódico afirmou que desde a visita de Pelosi a China tem intensificado as manobras militares em resposta “às provocações dos separatistas da ‘independência de Taiwan’ e a seu conluio com forças externas.” Citou ainda a posse do novo presidente taiwanês, que desde a campanha eleitoral deixou clara sua posição em favor da autonomia da ilha.

Em seu discurso, Lai exaltou a “era gloriosa da democracia de Taiwan”, uma clara mensagem contra o autoritarismo chinês. Disse ainda, segundo a rede CNN, que o futuro de Taiwan só pode ser “decidido pelos seus 23 milhões de habitantes”, e junto com ele será decidido “o futuro do mundo.”

Ele citou nominalmente a China e a instou a “cessar sua intimidação política e militar” e a compartilhar com a ilha “a responsabilidade global de manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, bem como na região, e garantir que o mundo esteja livre da medo da guerra.”

Tags: