Taiwan prende cinco pessoas suspeitas de integrar rede de espionagem da China

Grupo é suspeito de recrutar militares para coletar inteligência taiwanesa em favor de Beijing dentro da ilha semiautônoma

Cinco pessoas foram detidas em Taipé nesta quinta-feira (20) suspeitas de recrutarem oficiais do exército de Taiwan em busca de informações militares que seriam entregues à China. As informações são do jornal Taipei Times.

O líder do grupo foi identificado como Lu Chi-hsien, um instrutor de diabolo, um brinquedo parecido com ioiô usado para fazer malabarismos. Ele teria sido recrutado por uma agência de inteligência chinesa no ano passado e, desde seu retorno a Taiwan, passou a tentar recrutar militares em atividade e aposentados. Seu objetivo era estabelecer uma rede de espionagem para coletar inteligência militar, conforme apurado pelo Ministério Público Distrital de Taipé.

Em colaboração com o Departamento de Investigações do Ministério da Justiça e a polícia de Nova Taipé, promotores conduziram buscas em 25 locais na quarta-feira (19), incluindo seis instalações militares. Durante as operações, vários suspeitos foram interrogados, e outras testemunhas foram entrevistadas. Todos os envolvidos permanecem incomunicáveis.

Sede do Ministério da Defesa Nacional em Taipé (Foto: WikiCommos)

Segundo o vice-procurador-chefe de Taipé, Tsai Wei-yi, os cinco indivíduos são suspeitos de terem contatado, aliciado e recrutado militares desde abril do ano passado com o objetivo de obter inteligência militar, violando a Lei de Segurança Nacional.

Para os procuradores, o caso revela uma nova tática de infiltração da espionagem chinesa em Taiwan. Nela, Lu estaria concentrado em áreas próximas a bases do exército, como casas de penhores e operações de agiotagem, para recrutar novos membros. Tsai explicou que Lu identificava soldados e oficiais endividados ou com problemas financeiros e oferecia dinheiro como incentivo.

Com a ajuda de velhos conhecidos e outros oficiais, o acusado se aproximava dos alvos potenciais e os persuadia a trabalhar para o círculo de espionagem, alegando que pagariam suas dívidas ou empréstimos. Ao longo do tempo, ele conseguiu recrutar mais de dez militares de baixo escalão para coletar documentos confidenciais em suas unidades e entregá-los a ele. Posteriormente, repassava essas informações a seus contatos chineses.

Após uma audiência de fiança, Lu e outros quatro militares aposentados foram identificados como suspeitos e tiveram fiança negada.

Outro suspeito foi solto sob fiança de 200 mil dólares taiwaneses (aproximadamente R$ 31 mil), sendo identificado pela mídia como o irmão mais novo da cantora e atriz Kuo Shu-yao, bastante popular em Taiwan.

Reincidente

De acordo com os promotores, Lu enfrentou um indiciamento anterior por fraude em 2020. Nessa ocasião, ele se passou por um executivo da Federação Diabolo da República da China, enganando patrocinadores e obtendo 6 milhões de dólares taiwaneses (R$ 925 mil) sob o pretexto de “participar de competições internacionais de diabolo.”

Em março deste ano, a Suprema Corte o considerou culpado das acusações, mas ele não se apresentou para cumprir pena.

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