A Coreia do Norte anunciou, na segunda-feira (14), que realizou com sucesso os testes de um novo míssil de longo alcance, com capacidade para atingir alvos a até 1,5 mil quilômetros de distância. As informações são do jornal estatal norte-coreana Rodong Sinmun e surgem em meio às suspeitas de que Pyongyang tenha retomado as atividades de um reator nuclear.
Pyongyang informou que os testes foram realizados no sábado (11) e no domingo (12) e publicou fotos do que parecem ser um caminhão com um lançador de mísseis e um míssil em pleno voo. Segundo a agência estatal, trata-se de “uma arma estratégica de grande significado”, o que sugere a possibilidade de que seja armado com ogivas nucleares.
No final de agosto, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) alertou para a retomada de atividades de um reator nuclear de 5 megawatts na Coreia do Norte, capaz de produzir plutônio apto a ser utilizado em armamento nuclear.
“Não houve indícios de operação do reator do início de dezembro de 2018 ao início de julho de 2021. No entanto, desde o início de julho de 2021, houve indícios, incluindo descarga de água de resfriamento, consistente com a operação do reator”, diz o relatório da AIEA.
Segundo David Albright, presidente do Instituto de Ciência e Segurança Internacional, a produção de plutônio permitiria à Coreia do Norte fabricar armamento nuclear menor para ser inserido em seus mísseis balísticos. “A Coréia do Norte deseja melhorar o número e a qualidade de suas armas nucleares”, sugeriu ele.
Por que isso importa?
A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.
Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na península. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.
A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.