Coreia do Norte é um “perigo claro e atual”, diz chefe da diplomacia de Seul

Ministro das Relações Exteriores sul-coreano diz que só demonstrações constantes de força podem frear Kim Jong-un

A Coreia do Norte representa um “perigo claro e atual”, e a única forma de lidar com o líder norte-coreano Kim Jong-un é com demonstrações constantes de força. A afirmação foi feita por Park Jin, ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, em entrevista à rede CNN divulgada na quarta-feira (22).

“O que a Coreia do Norte está fazendo é completamente errado”, disse Park. “Eles estão aumentando as ameaças nucleares e de mísseis e ameaçando a paz e a estabilidade na Península Coreana e no nordeste da Ásia”.

Os números endossam as declarações do ministro, vez que a Coreia do Norte coordenou um número recorde de testes de mísseis em 2022, incluindo ataques nucleares simulados contra o país vizinho.

De acordo com dados divulgados por Seul, Pyongyang tem quantidades “substanciais” de urânio altamente enriquecido e um “nível significativo de capacidade” para miniaturizar bombas atômicas, uma descrição que permanece inalterada desde 2018.

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte: tensão na vizinhança (Foto: Divulgação/kcnawatch.org)

O cenário tenso levou o governo da Coreia do Sul a classificar os vizinhos norte-coreanos como “inimigos” em seu “livro branco” de defesa, um documento bienal publicado por Seul. É a primeira vez em seis anos que tal definição foi usada.

A atual distância entre os governos do Norte e do Sul torna as negociações de paz impensáveis. Park, porém, diz que elas são a única opção. “Temos que criar um ambiente em que a Coreia do Norte não tenha escolha a não ser voltar à mesa de negociações”, disse o ministro.

Na visão do chefe da diplomacia sul-coreana, é a impressão de fragilidade dos adversários que afasta o líder norte-coreano Kim Jong-un da solução diplomática.

“A lição que aprendemos é que, quando somos fortes, a Coreia do Norte vem para a mesa de diálogo. Quando estamos fracos, eles tentam tirar proveito dessa vulnerabilidade. Portanto, temos que nos preparar por meio de nossa defesa e também por meio da dissuasão para conversar com o Norte”, afirmou.

Segundo o ministro sul-coreano, a atuação de Washington precisa envolver “a implantação efetiva de ativos estratégicos dos EUA”, além de exercícios militares. “A dissuasão estendida dos EUA” é “a única maneira de protegermos efetivamente nosso país da agressão norte-coreana”, declarou.

Por que isso importa?

As tensões entre a Coreia do Norte, seus vizinhos do sul e o Ocidente cresceram no dia 8 de setembro, quando KIm Jong-un declarou durante uma Assembleia Popular Suprema que seu país não abriria mão do armamento nuclear. No mesmo dia, a convenção aprovou uma lei que estabelece situações em que o líder supremo dos norte-coreanos teria poderes para ordenar um “ataque nuclear preventivo”.

Ao lado de EUA e Japão, a Coreia do Sul tem pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e a cooperar para manter a paz e a estabilidade na região. As negociações pela desnuclearização do país comunista, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do presidente norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte à mesa de negociações.

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