Coreia do Sul chama Norte de ‘inimigo’ e estima aumento do estoque nuclear

Seul divulgou seu mais recente livro branco de defesa, que relata um aumento no material usado para reatores nucleares e no fabricação de bombas atómicas pelo país vizinho

Coreia do Sul chamou a Coreia do Norte de “inimiga” pela primeira vez em seis anos na quinta-feira (16) em seu mais recente “livro branco” de defesa, que aponta para um aumento no estoque de material radioativo para o uso militar de Pyongyang. As informações são da agência Reuters.

O documento bienal apresentado por Seul, que detalha o crescente arsenal de armas nucleares e mísseis do país vizinho, observou que a nação liderada por Kim Jong-un continua com o desenvolvimento contínuo do combustível usado em seu reator e possui cerca de 70 quilos de plutônio para armas, quantidade que está acima dos 50 quilos estimados no relatório anterior.

“Como a Coreia do Norte continua a representar ameaças militares sem desistir de armas nucleares, seu regime e militares, que são os principais agentes da execução, são nossos inimigos”, disse o livro branco.

Forças norte-coreanas conduzem o lançador de mísseis Hwasong-17 para seu local de lançamento no Aeroporto Internacional de Pyongyang (Foto: KCTV/Captura de tela)

A Coreia do Norte coordenou um número recorde de testes de mísseis em 2022, incluindo ataques nucleares simulados contra a Coreia do Sul.

A declaração também observou que os norte-coreanos garantiram quantidades “substanciais” de urânio altamente enriquecido e têm um “nível significativo de capacidade” para miniaturizar bombas atômicas, uma descrição que permanece inalterada desde 2018.

O documento ainda citou a aprovação de uma nova lei decretada por Pyongyang que autoriza o uso preventivo de armas nucleares em uma ampla gama de cenários. Expressou, ainda, que em dezembro o Kim chamou a Coreia do Sul de “nosso inimigo indubitável” durante discurso feito em uma importante reunião do partido governista.

Outro trecho atenta para os lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais de Pyongyang no ano passado, incluindo o teste bem-sucedido em novembro com o novo Hwasong-17, que provou o potencial do armamento em atingir qualquer parte dos Estados Unidos. Na mesma época, Kim declarou que ambicionava estar à frente da força nuclear “mais poderosa do mundo” para enfrentar o “imperialismo” do Ocidente. 

Também pela primeira vez em seis anos, a lista branca fez menção a outra nação da região, o Japão, o qual chamou de “vizinho próximo que compartilha valores”, o que evidencia os esforços do governo conservador sul-coreano liderado pelo presidente Yoon Suk-yeol para estreitar laços desgastados pela história e por disputas comerciais.

Os mísseis norte-coreanos eventualmente passam sobre o Japão, causando indignação entre as autoridades locais.

Por que isso importa?

As tensões entre a Coreia do Norte, seus vizinhos do sul e o Ocidente cresceram no dia 8 de setembro, quando Jong-un declarou durante uma Assembleia Popular Suprema que seu país não abriria mão do armamento nuclear. No mesmo dia, a convenção aprovou uma lei que estabelece situações em que o líder supremo dos norte-coreanos teria poderes para ordenar um “ataque nuclear preventivo”.

Ao lado de EUA e Japão, a Coreia do Sul tem pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e a cooperar para manter a paz e a estabilidade na região. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

Tags: