Coreia do Norte prende cinco cristãos durante culto clandestino

Um informante alertou a polícia sobre as atividades religiosas dos acusados, que acabaram enviados para campos de trabalhos forçados

Cinco cristãos foram presos pelas autoridades norte-coreanas por supostamente promoverem cultos clandestinos. O incidente ocorreu em 30 de abril na aldeia de Tongam, nos arredores de Sunchin, na província de Pyongan, no centro do país, mas só foi revelado recentemente. As informações são da rede Radio Free Asia.

Os fiéis foram denunciados por um informante e detidos sob a acusação de “acreditar em Deus”, o que é considerado um crime em um país onde todas as formas de religião são proibidas, exceto pela reverência obrigatória ao líder do país, Kim Jong-un, e seus predecessores, o pai e o avô.

De acordo com a reportagem, os cinco detidos são membros de uma mesma família que estavam reunidos em uma casa de fazenda em um domingo pela manhã, como faziam regularmente aos fins de semana, para realizar orações e discutir trechos da bíblia. Eles foram surpreendidos por policiais que os levaram sob custódia.

Bíblia Sagrada na Igreja Chilgol, na Coreia do Norte (Foto: WikiCommons)

Segundo uma fonte anônima, no local onde ocorria o culto a polícia confiscou dezenas de panfletos bíblicos e prendeu todos os presentes. Os cinco indivíduos estavam envolvidos em “orações e leitura da bíblia” entre si, reunidos com parentes, invocando o nome de Jesus, “e por isso foram detidos”.

Em incidentes similares no passado, os detidos foram enviados para campos de reeducação onde foram submetidos a trabalhos forçados. Curiosamente, Pyongyang se define como uma nação ateia, mas por lá é comum o uso do termo “Judas” para identificar informantes e traidores.

As prisões recentes de cristãos em Tongam não são um incidente isolado. Em 2005 e 1997, as igrejas clandestinas da vila foram invadidas pelas autoridades e os membros também foram enviados para campos de reeducação.

Tongam possui uma história significativa relacionada ao Cristianismo. No passado, foi o local de uma grande igreja que continuou a existir mesmo durante a ocupação japonesa da península coreana em 1905, quando o Xintoísmo foi estabelecido como a religião oficial do Estado.

A Coreia do Norte é amplamente conhecida por sua repressão severa às atividades religiosas e pela perseguição que enfrentam aqueles que expressam sua fé. Execuções, tortura e abusos físicos são frequentemente relatados contra indivíduos por motivos religiosos. A fechada nação é um dos 17 países listados no relatório de 2023 da Comissão de Liberdade Religiosa dos EUA por violações sistemáticas e contínuas da liberdade religiosa.

Os riscos da fé

Devido à proibição da religião, bíblias e outros materiais religiosos são contrabandeados através da fronteira com a China e distribuídos secretamente para igrejas clandestinas. Essa rede de distribuição oculta permite que os crentes tenham acesso a esses recursos vitais para sua prática religiosa.

Apesar das enormes pressões e riscos envolvidos, segundo uma fonte, “as pessoas detidas na Coreia do Norte têm demonstrado uma incrível resistência, recusando-se a renunciar à sua fé”.

Exemplo disso, acrescentou a fonte, é que mesmo sob pressão das autoridades, os cinco cristãos capturados se mantiveram firmes em sua fé e se recusaram a renunciar a sua religião, postura que demonstra a profunda devoção religiosa desses indivíduos, apesar das consequências graves que podem enfrentar no país.

Um membro da equipe da agência judicial informou que, durante o interrogatório, os religiosos se recusaram a revelar a origem de suas bíblias e declararam: “Tudo por Jesus, mesmo diante da morte”.

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