Coreia do Norte testou míssil balístico disparado em direção ao mar, diz Seul

Coreia do Sul classificou teste como "grave provocação" e prometeu cooperação mais estreita com os EUA, à medida que porta-aviõe americano chega à península para exercícios conjuntos

As forças armadas sul-coreanas dizem que a Coreia do Norte disparou pelo menos um míssil balístico de curto alcance em direção ao Mar do Leste na manhã de domingo (25). O lançamento ocorreu em meio a uma série de testes de armas tidos como provocativos por Seul após a visita de um porta-aviões dos EUA à Coreia do Sul para exercícios militares, à medida que cresce a tensão na região. As informações são da agência Associated Press.

Segundo informações divulgadas pelo Estado-Maior Conjunto sul-coreano, o míssil foi lançado da cidade de Taechon, no oeste do país. De lá, ele voou 600 quilômetros pelo país a uma altitude máxima de 60 quilômetros até atingir as águas da costa leste norte-coreana.

O lançamento ocorreu paralelamente à chegada do porta-aviões nuclear USS Ronald Reagan ao país vizinho para um exercício militar conjunto entre Seul e Washington, que teria como objetivo mostrar sua força contra as crescentes ameaças norte-coreanas.

Desfile militar exibe míssil balístico da Coreia do Norte (Foto: WikiCommons)

Imagens divulgadas pela Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) mostram o teste com um míssil Hwasong 12, em janeiro de 2022 (Foto: KCNA/Reprodução)

Neste mês, as nações já haviam realizado o Ulchi Freedom Shield (UFS), com vistas a trabalhar as defesas contra a ameaça nuclear que vem de Pyongyang. Foram dez dias de exercícios descritos como “defensivos”, com participação de dezenas de milhares de soldados e uso de tanques, navios de guerra e aeronaves. Os norte-coreanos não veem com bons olhos a aliança dos vizinhos com os EUA, e avaliam o exercício como um “ensaio geral para a invasão ao norte”, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Diante da atmosfera turbulenta na região, o diretor de Segurança Nacional sul-coreano, Kim Sung-han, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional. Nela, o lançamento foi classificado pelos membros como “uma clara violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)”. Além disso, acusaram o país liderado por Kim Jong-un de “aumentar as tensões”.

Para o Comando Indo-Pacífico dos EUA, o lançamento não representa uma “ameaça imediata” para Washington ou para seus aliados. Porém, os “programas ilícitos de armas e mísseis nucleares da Coreia do Norte” têm “impacto desestabilizador”.

Uma cooperação trilateral em face das ameaças norte-coreanas deve ser coordenada entre Coreia do Sul, EUA e Japão. Em comunicado, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que seu país está “fazendo o máximo” para reunir informações sobre o lançamento e confirmar a segurança de navios e aeronaves, mas não há relatos de danos.

Na semana que vem, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, tem visita marcada para a Coreia do Sul, logo após participar em Tóquio do funeral do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. A passagem da política americana pela região pode ter alguma influência na agenda de provocações norte-coreana.

Segundo o site NK News, a Coreia do Norte ainda não reconheceu seu teste míssil balístico de curto alcance.

Por que isso importa?

A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.

Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na península. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

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