A Coreia do Norte e a Rússia firmaram um acordo para o desenvolvimento e a produção em massa de diferentes tipos de drones, com suporte técnico russo. Trata-se de contrapartida após Pyongyang enviar milhares de soldados para apoiar Moscou na guerra contra a Ucrânia, segundo informou a emissora japonesa NHK com base em fontes não identificadas.

Estima-se que cerca de 12 mil militares norte-coreanos estejam em solo russo, atuando em regiões como Kursk, onde combates intensos foram registrados após avanços das forças ucranianas. Nem a Coreia do Norte nem a Rússia reconheceram oficialmente a presença dessas tropas, apesar das informações divulgadas por autoridades ucranianas e norte-americanas.

Em novembro de 2024, o líder norte-coreano Kim Jong-un destacou a importância de acelerar a produção em série de drones suicidas, afirmando a necessidade de “construir um sistema de produção em série o mais rápido possível e iniciar a produção em larga escala”.

Analistas do Instituto Para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington, avaliam que a guerra na Ucrânia tem servido de campo de testes para as capacidades militares norte-coreanas. O instituto aponta que a parceria com Moscou tem contribuído para melhorias na precisão dos mísseis balísticos norte-coreanos utilizados por forças russas desde dezembro de 2024.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou recentemente que a Rússia está transferindo “tecnologia moderna” para a Coreia do Norte, incluindo avanços no desenvolvimento de drones. No entanto, fontes da NHK indicam que Moscou tem resistência em fornecer suporte para o programa nuclear norte-coreano, temendo impactos negativos nas relações com os Estados Unidos e a China.

A Coreia do Sul denunciou, em outubro, o envio de aproximadamente sete mil contêineres de armas da Coreia do Norte para a Rússia nos dois meses anteriores, totalizando cerca de 20 mil unidades desde o início da cooperação militar entre os dois países.

Soldados norte-coreanos de volta ao front

Segundo Zelensky, as tropas norte-coreanas voltaram a atuar na linha de frente em Kursk após uma retirada temporária atribuída a perdas significativas em combate. “O exército russo trouxe de volta soldados norte-coreanos, que estão realizando novos ataques na região”, declarou o presidente ucraniano em discurso na sexta-feira (7).

A brigada ucraniana 47ª Separada Mecanizada “Magura” relatou mudanças nas táticas das forças russas e norte-coreanas, que passaram a privilegiar ofensivas de infantaria em detrimento do uso de veículos blindados. “Muitos grupos de infantaria lançaram ataques de várias direções ao mesmo tempo. O assalto começou à meia-noite e durou mais de 16 horas”, informou a brigada.

As ofensivas têm sido caracterizadas por combates em terrenos abertos e o uso de veículos todo-terreno para transporte de tropas até pontos estratégicos, onde os soldados se escondem em áreas arborizadas para lançar ataques surpresa.