O alto índice de perdas entre as tropas norte-coreanas enviadas à Rússia voltou a ser destacado por analistas militares. O especialista Seth Jones, presidente do Departamento de Defesa e Segurança do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), afirmou que as baixas podem chegar a 50% do efetivo, conforme repercutiu a rede Radio Free Asia (RFA).
A estimativa reforça relatos anteriores de que até metade dos cerca de 12 mil soldados norte-coreanos deslocados para Kursk desde agosto teriam sido mortos ou feridos em combate contra as forças ucranianas. Jones avaliou que, “por maioria das contas, conseguimos estimar algo entre um terço e, no extremo superior, até 50% de baixas entre as forças norte-coreanas”.
O especialista também indicou que Moscou mantém sua estratégia de enviar levas sucessivas de combatentes ao campo de batalha, mesmo diante de perdas expressivas. “A maneira como tentam recuperar território é por meio da guerra de atrito, aceitando e assumindo essas baixas”, explicou.

A presença de soldados norte-coreanos em Kursk foi relatada inicialmente por fontes ucranianas, sul-coreanas e americanas em dezembro, mas até agora nem Pyongyang nem Moscou reconheceram oficialmente esse envio. Segundo Jones, além das dificuldades naturais do combate, as tropas enfrentam problemas de comunicação com as forças russas. “A coesão entre norte-coreanos e russos, incluindo comando e controle, era aparentemente fraca. Havia barreiras linguísticas”, afirmou.
Apesar das perdas, a Coreia do Norte pode enviar reforços. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que Moscou pode tentar incorporar entre 20 mil e 25 mil novos soldados norte-coreanos. O governo sul-coreano também informou em janeiro que Pyongyang acelerava os preparativos para reforçar sua participação no conflito.
A estimativa de baixas também foi mencionada pelo Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank de Washington, que sugeriu que, caso o atual ritmo de perdas se mantenha, a Coreia do Norte pode perder todo o contingente enviado à Rússia em até três meses. A entidade calcula uma média de 92 baixas por dia desde o início dos combates intensos em dezembro.
Enquanto algumas fontes sugerem que as tropas norte-coreanas foram retiradas da linha de frente, a inteligência ucraniana contesta essa versão. O chefe da Agência de Inteligência de Defesa da Ucrânia, tenente-general Kyrylo Budanov, afirmou que cerca de oito mil combatentes norte-coreanos ainda estão ativos em Kursk, embora em menor número.
“Precisamos esperar um pouco para ver se há alguma mudança real ou se isso é apenas uma redução temporária das atividades”, disse Budanov em entrevista ao site The War Zone.