Disputa por região armênia no Azerbaijão reacende conflito dos anos 1990

Mais de 100 soldados ficaram feridos no confronto desde domingo (27); disputa é a mais violenta em 20 anos

A intensificação dos conflitos entre a Armênia e o Azerbaijão, concentrados em Nagorno-Karabakh, enclave armênio em território azeri, já deixou 30 mortos e mais de 100 feridos em apenas dois dias, informou a Reuters nesta segunda (28).

Com choques entre foguetes e uso de artilharia pesada, este é o conflito mais violento na região desde o final da guerra pela independência de Nagorno-Karabakh, que terminou em 1994.

No domingo (27), o presidente Arayik Harutyunyan decretou a lei marcial e recrutou toda a população masculina para lutar na disputa.

Mulher de 106 anos patrulha sua casa contra os azeris em Degh, na Armênia, próxima a Nagorno-Karabakh, em 1990 (Foto: UN Photo/Armineh Johannes)

A tensão se intensificou depois que o governo armênio afirmou que as forças contrárias bombardearam a região de Nagorno-Karabakh. Em contrapartida, as forças do Azerbaijão acusam os adversários de bombardear pontos militares e civis do país.

O parlamento da Armênia afirmou que o Azerbaijão recebe auxílio militar da Turquia e que Ancara seria a grande responsável por desestabilizar a região. Os azeris negaram as acusações.

O impasse entre os países vizinhos se prolonga há anos, mas a disputa se acentuou no dia 11 de julho. O principal receio da comunidade internacional é a ameaça à estabilidade no Cáucaso Sul, ponte essencial para o transporte de petróleo e gás.

Conflito sem solução

A região de Nagorno-Karabakh, é povoada, em sua maioria, por armênios e declarou independência do Azerbaijão em uma guerra entre 1988 e 1994.

Com mais de 30 mil mortes e centenas de milhares de desalojados, não houve reconhecimento da comunidade internacional quanto a independência da região. Para a maioria armênia, o local chama-se Artsakh.

Desde o cessar-fogo a região está sob controle do governo azeri, que diz incluir forças da Armênia. O acordo, no entanto, nem sempre é respeitado e não há uma solução duradoura para o conflito até hoje.

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