Empresário australiano é acusado de fornecer relatórios de inteligência a espiões chineses

Alexander Csergo foi indiciado por vender informações sobre o acordo AUKUS, mineração de lítio e minério de ferro

Um empresário australiano pode ser condenado a 15 anos de prisão por supostamente fornecer informações de segurança nacional a dois espiões chineses. Alexander Csergo se apresentou na segunda-feira (17) a um tribunal em Sydney, onde respondeu pelas acusações de “interferência estrangeira imprudente”. As informações são da agência Associated Press (AP).

Após ser sido interrogado pela polícia e agentes da inteligência australiana, Csergo, de 55 anos, foi preso na última sexta-feira (14) em Bondi Beach, um subúrbio de Sydney, sob acusação de receber dinheiro de dois espiões a serviço de Beijing apelidados de “Ken” e “Evelyn”.

Em troca, ele entregou relatórios sobre a defesa australiana enquanto trabalhava em Xangai, na China, onde comanda uma consultoria de infraestrutura de comunicação e tecnologia. Ele estava residindo na cidade durante o lockdown prolongado decorrente da pandemia de Covid-19.

O empresário Alexander Csergo vendeu informações sobre o acordo AUKUS, mineração de lítio e minério de ferro para supostos espiões chineses (Foto: LinkedIn/Reprodução)

Entre as informações que Csergo repassou estavam dados referentes a um acordo de Camberra com EUA e Reino Unido para a construção de uma frota de submarinos. No caso, a AUKUS, aliança militar firmada para fornecer submarinos movidos a energia nuclear e tecnologia de drones subaquáticos à Austrália.

Segundo os promotores, os supostos espiões também solicitaram detalhes sobre o Quad, como é conhecido o Quadrilateral Security Dialogue (Diálogo de Segurança Quadrilateral, em tradução literal), parceria da Austrália com Estados Unidos, Japão e Índia. Além disso, os chineses buscavam informações sobre mineração de lítio e minério de ferro no país da Oceania.

A polícia alega que Csergo foi pago “para obter informações sobre a defesa australiana, segurança nacional e acordos econômicos, bem como assuntos relacionados a outros países”.

Falando à imprensa do lado de fora do tribunal na segunda-feira, o advogado de Csergo, Bernard Collaery, disse que seu cliente forneceu apenas “informações de código aberto”, incluindo artigos de jornais e relatórios de think tanks.

Csergo supostamente admitiu no início do processo que suspeitava que Ken e Evelyn eram espiões logo após conhecê-los, mas permaneceu em contato com eles por dois anos.

“Ele claramente tem ligações com o Estado chinês e duas pessoas que ele claramente acha que trabalham para o MSS [Ministério de Segurança do Estado]”, disse o promotor da Commonwealth Connor McCraith.

Csergo é a segunda pessoa acusada de violar a lei de interferência estrangeira da Austrália desde que a medida foi aprovada em 2018 para bloquear supostas interferências na política e economia do país, em meio a acusações de que a China estaria por trás de ciberataques contra universidades e entidades governamentais. O caso voltará ao tribunal em meados de junho.

Em fevereiro, a inteligência australiana denunciou que o país vem enfrentando problemas “sem precedentes” de espionagem e interferência estrangeira. Embora não tenha especificado quais países estão envolvidos, há um contexto de competição crescente entre Camberra e Beijing na estratégica região do Indo-Pacífico.

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