Enquanto o Ocidente contesta a reeleição de Putin, Xi diz que ela ‘reflete o apoio dos russos’

Presidente da China ignora as alegações de fraude, elogia o 'amigo' e deixa claro que a parceria entre os dois seguirá firme

De um lado, o Ocidente contesta a reeleição de Vladimir Putin para a presidência da Rússia e destaca a repressão contra os dissidentes, sem a qual ele não teria chegado ao quinto mandato. Do outro, o líder chinês Xi Jinping destaca os “progressos constantes” alcançados por Moscou e afirma que o resultado do pleito “reflete plenamente o apoio do povo russo”.

A vitória eleitoral de Putin, anunciada no domingo (17), após uma eleição na qual os rivais mais fortes foram impedidos de concorrer, serviu para reforçar a bipolarização global e mostrar que Rússia e China têm uma aliança cada vez mais consistente, classificada pelo presidente russo como uma “relação pessoal de amizade”.

Tão logo o Kremlin anunciou a vitória, a agência estatal de notícias Xinhua, da China, publicou um texto no qual Xi parabenizou o homólogo russo.

“Nos últimos anos, o povo russo se uniu como um só, superou desafios e fez progressos constantes em direção ao desenvolvimento e à revitalização nacional”, disse o chefe do Partido Comunista Chinês (PCC), acrescentando que a reeleição de Putin “reflete plenamente o apoio do povo russo a ele.”

Lado a lado: o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder chinês, Xi Jinping (Foto: WikiCommons)

Os elogios do líder chinês foram devidamente retribuídos por Putin, que falou em entrevista coletiva após a confirmação do resultado eleitoral. Para tanto, tocou em um dos temas mais delicados para Beijing, ao dizer que Taiwan é “claro, parte integrante da República Popular da China”, de acordo com a agência RIA Novosti.

Putin também exaltou a “relação pessoal de amizade com o presidente da República Popular da China”, embora tenha acrescentado que “o mais importante é a coincidência de interesses estatais.”

E sugeriu que a aliança é crucial para ambos enfrentarem os aliados ocidentais. “Isso cria um tom muito bom para resolver problemas comuns tanto no campo das relações internacionais, onde as relações entre a Rússia e a China são um fator de estabilização, quanto no ponto de vista do desenvolvimento da nossa atividade no espaço eurasiano.”

Enquanto os dois aliados trocaram elogios, o Ocidente não poupou Putin de críticas pela reeleição. Em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores de países da União Europeia (UE) contestaram o resultado e a forma como o pleito foi conduzido, segundo a agência Reuters.

A alemã Annalena Baerbock afirmou que “a eleição da Rússia foi uma eleição sem escolha”, enquanto o francês Stéphane Séjourné fez um paralelo entre o pleito e a guerra da Ucrânia ao afirmar que Moscou realizou uma “operação eleitoral especial”, referência ao eufemismo adotado pelo Kremlin para se referir ao conflito, “operação militar especial”.

O britânico David Cameron foi outro que se manifestou, destacando a repressão na Rússia que permitiu, segundo ele, a reeleição. “Putin remove seus oponentes políticos, controla os meios de comunicação e depois proclama-se vencedor. Isto não é democracia”, disse.

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