EUA confirmam vítimas entre as tropas da Coreia do Norte na região russa de Kursk

Cerca de 500 soldados norte-coreanos teriam sido vítimas de ataque ucraniano com mísseis britânicos, segundo relatos da mídia

Uma autoridade norte-americana confirmou que tropas norte-coreanas destacadas na Rússia sofreram baixas em um ataque ucraniano, marcando a primeira confirmação oficial dos EUA após informações de que cerca de 500 soldados da Coreia do Norte haviam morrido durante um ataque com mísseis britânicos. O incidente, que ocorreu na região de Kursk, revela a intensificação da presença militar norte-coreana na guerra em apoio às forças russas. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

De acordo com uma fonte não identificada do Departamento de Defesa dos EUA, o ataque aéreo, atribuído ao exército ucraniano, resultou em diversas perdas entre as tropas norte-coreanas. A informação foi divulgada pelo serviço coreano da RFA nesta terça-feira (27), após semanas de especulações sobre o envolvimento militar norte-coreano na região de Kursk.

Soldados ucranianos capturam um tanque T-90M Proryv na região de Kursk (Foto: WikiCommons)

Embora a vice-secretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh, tenha dito que o Departamento de Defesa não poderia confirmar independentemente os relatos sobre as baixas, agências de segurança da Coreia do Sul afirmaram ter “informações específicas” sobre as perdas norte-coreanas, mas sem fornecer um número exato de mortos. Essas alegações surgiram após a divulgação de vídeos de blogueiros de guerra pró-Rússia, que mostraram até 12 mísseis britânicos Storm Shadow atingindo um alvo em Kursk, supostamente um quartel-general de comando usado por oficiais norte-coreanos e russos.

Fontes de inteligência afirmam que o ataque pode ter sido direcionado a um local estratégico na vila de Maryno, que, segundo relatos, abrigava altos oficiais das forças militares da Coreia do Norte e da Rússia. De acordo com a Global Defense Corp, uma editora de notícias de defesa, o ataque causou a morte de até 500 soldados norte-coreanos. O The Wall Street Journal, citando autoridades ocidentais, também relatou que o ataque matou um alto funcionário militar da Coreia do Norte.

Estima-se que a Coreia do Norte tenha mobilizado cerca de 11 mil soldados para apoiar a Rússia, com oito mil desses combatentes posicionados na região de Kursk. Apesar de pertencerem à elite militar do país, conhecidos como “Boinas Negras”, especialistas avaliam que os soldados enviados não representam os melhores efetivos do regime de Kim Jong-un. O número, segundo Dmytro Ponomarenko, embaixador da Ucrânia na Coreia do Sul, pode crescer para 15 mil nos próximos meses. Apesar das informações, tanto Moscou quanto Pyongyang se abstiveram de confirmar a presença de tropas norte-coreanas em território russo.

A situação em Kursk destaca o crescente envolvimento da Coreia do Norte no conflito ucraniano, ao lado da Rússia. Embora Moscou e Pyongyang permaneçam em silêncio sobre os detalhes, o aumento das baixas norte-coreanas pode gerar repercussões políticas significativas, tanto no cenário internacional quanto nas relações entre as duas nações.

Pyongyang troca armas por apoio militar a Moscou

O Conselheiro de Segurança Nacional da Coreia do Sul, Shin Won-sik, afirmou que a Coreia do Norte recebeu mísseis antiaéreos e outros equipamentos de defesa aérea da Rússia em troca do envio de tropas para auxiliar Moscou em sua guerra contra a Ucrânia.

Em entrevista concedida à emissora sul-coreana SBS na sexta-feira (24), Shin declarou que a Rússia forneceu esses recursos para fortalecer o sistema de defesa aérea da Coreia do Norte, considerado vulnerável. Ele também mencionou que o apoio russo incluiu tecnologias militares avançadas, incluindo aquelas voltadas para o desenvolvimento de satélites, um campo em que Pyongyang enfrenta desafios técnicos significativos.

A entrega dessas tecnologias teria sido intensificada após o fracasso do lançamento do satélite espião militar norte-coreano em 27 de maio. Segundo Shin, Moscou já havia sinalizado a intenção de colaborar nesse setor, alinhando-se aos interesses estratégicos de ambas as nações.

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