Exercícios no Indo-Pacífico ameaçam ampliar tensões com China e Coreia do Norte

Pitch Black 2022 conta com a participação de mais de cem aeronaves e 2,5 mil militares de forças aéreas de 17 países

Começou na sexta-feira (19) no norte da Austrália o Pitch Black 2022, exercício aéreo multinacional de grande escala, organizado pela Força Aérea Real Australiana (RAAF, da sigla em inglês) em parceria com os EUA. São 17 nações participantes, cem aeronaves e mais de 2,5 mil militares envolvidos, segundo informações da rede Radio Free Asia.

O exercício, que seguirá até o dia 8 de setembro, tem como objetivo fortalecer as relações e a interoperabilidade entre as forças militares presentes, entre elas as de Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, Indonésia e Emirados Árabes Unidos. Neste ano, a participação chegou a um número recorde. Três países são estreantes: Alemanha, Japão e Coreia do Sul.

Como objetivo intrínseco, a Austrália projeta aumentar a segurança regional e estabelecer laços mais estreitos na região do Indo-Pacífico. Particularmente após a divulgação de supostos planos da China em estabelecer uma base militar nas Ilhas Salomão, o que fez soar o alarme em Camberra e em outros aliados ocidentais na região.

Aviadores dos EUA preparam uma aeronave durante a edição 2016 do exercício Pitch Black (Foto: U.S. Indo-Pacific Command/Flickr)

O Pitch Black, um evento que ocorre em formato bienal desde 1981, dessa vez retorna após um hiato de quatro anos. Em 2020 ele precisou ser adiado devido à pandemia de Covid-19, segundo comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa.

De acordo com a RAAF, o exercício, que inclui voos diurnos e noturnos, “apresenta uma série de ameaças realistas e simuladas que podem ser encontradas em um ambiente moderno de espaço de batalha”.

Há um bom tempo Beijing faz vista grossa a iniciativas e atividades de segurança lideradas por Washington no Indo-Pacífico, as quais enxerga como tentativas do Ocidente de forjar “uma versão asiática da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)”.

A desconfiança chinesa com o Pitch Black foi devidamente ilustrada pela sua mídia estatal, que descreve o exercício como uma maneira de “atrair mais países para uma linha de frente unida anti-China” e pressionar o país sobre “a questão de Taiwan”. Principalmente após a visita à ilha da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.

Washington e Seul x Kim Jong-un 

Além de estarem do mesmo lado no Pitch Black 2022, Estados Unidos e Coreia do Sul deram início na segunda-feira (22) ao seu maior treinamento militar conjunto em quatro anos. O Ulchi Freedom Shield (UFS), que irá ocorrer até o dia 1º de setembro, irá trabalhar as defesas contra a ameaça nuclear que vem da Coreia do Norte.

Serão dez dias de exercícios descritos como “defensivos”, com participação de dezenas de milhares de soldados e uso de tanques, navios de guerra e aeronaves.

Nos últimos anos, também por conta da pandemia de coronavírus, o UFS ocorreu de forma virtual e abriu espaço para negociações diplomáticas com Pyongyang.  

Os norte-coreanos também não veem com bons olhos a aliança dos vizinhos com os EUA, e denunciou o exercício como um “ensaio geral para a invasão ao norte”, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

Tags: