Militares sul-coreanos informaram no sábado (27) que investigam um vazamento significativo de informações do principal comando de inteligência militar do país. De acordo com a mídia local, uma grande quantidade de dados confidenciais, incluindo informações pessoais de agentes no exterior, foi parar na Coreia do Norte. As informações são do The New York Times.
O vazamento, descoberto há cerca de um mês, inclui dados confidenciais como identidades e informações pessoais de agentes conhecidos como “agentes brancos”, que atuam sob cobertura diplomática, e “agentes negros”, que ocultam suas conexões com o governo sul-coreano.
Os militares afirmaram em uma breve declaração que pretendem “agir rigorosamente” contra os responsáveis pelo vazamento, mas não confirmaram os relatos da mídia local enquanto aguardam os resultados da investigação da Korea Defense Intelligence Command (KDIC), a agência de inteligência militar da Coreia do Sul, na qual o incidente ocorreu.
Trata-se de uma unidade secreta do exército sul-coreano especializada na coleta de informações sobre a Coreia do Norte, um país altamente militarizado que frequentemente ameaça o sul com armas nucleares.

É raro que as autoridades sul-coreanas admitam publicamente um vazamento do comando de inteligência, que é uma das duas principais agências de espionagem do país, junto com o Serviço Nacional de Inteligência. Esse comando controla uma rede de agentes disfarçados como diplomatas ou com identidades secretas na China e em outras partes da Ásia. Esses agentes passam anos recrutando norte-coreanos no exterior para obter informações. Os dados coletados por eles ajudam a complementar as informações obtidas pelos Estados Unidos e seus aliados por meio de satélites e interceptações de comunicações eletrônicas.
A última grande violação de segurança no comando ocorreu em 2018, quando um oficial militar em serviço foi flagrado vendendo informações confidenciais para agentes estrangeiros na China e no Japão, através de um oficial de inteligência sul-coreano aposentado. As informações vazadas incluíam dados sobre os agentes do comando na China e sobre armamento norte-coreano.
Em 2017, cerca de 15 milhões de páginas de informações confidenciais da Coreia do Sul, incluindo detalhes sobre operações para desabilitar a liderança militar de Pyongyang e dados de inteligência fornecidos pelos Estados Unidos, vazaram para a Coreia do Norte após um hack no Centro de Dados Integrado de Defesa do Sul.
O comando de contrainteligência sul-coreano investigou o caso, e um tribunal militar emitiu um mandado de prisão para um oficial civil da KDIC, conforme anunciado pelo ministério da defesa nesta terça-feira (30). A identidade do suspeito foi mantida em sigilo.
O suspeito do recente incidente teria fornecido informações sobre os “agentes negros” da Coreia do Sul a um cidadão chinês de ascendência coreana, segundo o Ministério da Defesa da Coreia do Sul.
Na última quinta-feira, os EUA, Reino Unido e a Coreia do Sul alertaram sobre uma campanha global de espionagem cibernética conduzida por hackers norte-coreanos para roubar segredos militares e apoiar o programa de armas nucleares da Coreia do Norte. O Departamento de Justiça dos EUA acusou um agente norte-coreano de hackear entidades como prestadores de serviços de saúde, a NASA e bases militares dos EUA, roubando informações e instalando ransomware. Uma recompensa de até US$ 10 milhões foi oferecida por informações que levem à prisão do suspeito, Rim Jong Hyok.