Hutt River, “micronação” mais antiga da Austrália, não resiste à pandemia

Com dívidas de US$ 2,15 milhões, principado autodeclarado teve terras vendidas e será reincorporado pelos australianos

A micronação mais conhecida e antiga da Austrália, Hutt River, chegou ao fim. O anúncio foi enviado por e-mail pelo “príncipe” Graeme Casley, no dia 3, informou a CNN.

Aos 50 anos, Hutt River era um peculiar principado, cuja renda vinha apenas do turismo, autodeclarado pelo “príncipe” Leonard Casley.

Casley, que morreu em 2019, explorou uma brecha legal para criar o principado em uma parte isolada da província da Austrália Ocidental, a 500 quilômetros da cidade de Perth, oeste do país.

“Fronteira” da Austrália com Hutt River, em imagem de 2007 (Foto: Flickr/R4vi)

Com uma dívida de mais de US$ 2,15 milhões em impostos e fechada desde janeiro por conta da pandemia de Covid-19, Hutt River teve suas terras vendidas e “finalmente se renderá à Austrália” afirmou a “família real”.

Em 75 quilômetros quadrados, a micronação era habitada por menos de 30 pessoas. Hutt River tornou-se célebre em 1977, após declarar guerra à Austrália por discordar dos regulamentos agrícolas.

Embora não seja reconhecido pelo governo australiano, o principado sempre agiu como uma nação independente.

Além de ter o próprio exército, marinha e uma faculdade militar, a micronação concedeu vistos e carteiras de motorista e emitiu moedas e passaportes – que nunca foram reconhecidos em outros países

Busto do príncipe Leonard Casley. Hutt River, 2014 (Foto: Flickr/Chris Fithall)

Ela ainda instalou “embaixadas” em 10 países, incluindo os Estados Unidos e a França.

À CNN, Casley disse que está arrasado por ter de dissolver a micronação. Ele tentará vender as terras para pagar as dívidas. “É muito triste ver meu pai construindo algo por 50 anos e depois você ter que fechá-lo”, lamentou.


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