Entre todos os países do mundo, a Índia é quem mais registra pedidos do governo por informações referentes a perfis do Twitter. Os dados dizem respeito ao segundo semestre de 2020 e foram revelados nesta quarta-feira (14) pela rede social, segundo o jornal indiano The New Indian Express.
Desde que o Twitter começou a divulgar seu relatório de transparência, em 2012, esta é a primeira vez que esse ranking não tem os EUA na liderança. No balanço mais recente, a Índia responde por cerca de 25% dos pedidos globais, contra 22% dos Estados Unidos.
A Índia ainda ocupa o segundo lugar no ranking de países que mais solicitaram a exclusão de perfis da plataforma, atrás do Japão. A seguir aparecem Rússia, Turquia e Coreia do Sul. Juntos, esses cinco países respondem por 94% das demandas por exclusão do mundo.
A imprensa global também aparece no relatório. Os perfis verificados de 199 jornalistas e agências de notícias de todo o mundo foram alvo de 361 demandas legais, um aumento de 26% em relação ao mesmo período no relatório anterior.
Governo x Twitter
Os números surgem em um momento tenso da relação entre o governo da Índia e o Twitter, depois que Nova Délhi decidiu remover o status de “intermediário” da big tech. A rede não teria aderido às novas leis indianas para empresas de mídia social.
Na prática, a remoção do status de “intermediário” faz com que o Twitter e seus gerentes tornem-se responsáveis por todo e qualquer conteúdo redigido por terceiros e publicado através do microblog na Índia – mesmo os conteúdos considerados ilegais ou “sediciosos”. Fosse apenas “intermediário”, a responsabilidade caberia ao autor da publicação.
Rede social ameaçada
O embate entre o governo indiano e o Twitter começou em fevereiro, quando Nova Délhi ordenou a suspensão de mais de 250 contas em função dos protestos de agricultores que tomaram grandes proporções em dezembro.
Pouco depois, a rede social afirmou que a Índia ameaçou multar ou prender os executivos do Twitter se não obedecessem às ordens do governo.
Desde então, altos líderes do governo migraram para o aplicativo indiano Koo, que se posiciona para tomar o lugar da big tech norte-americana e foi lançado em março de 2020.
Gigantes da tecnologia dos EUA, como Facebook, Google e Amazon, já investiram bilhões de dólares na Índia. O país é considerado um mercado fortíssimo em potencial, graças à sua população de 1,3 bilhão de pessoas.