Inundações aumentam riscos à saúde no Paquistão, alerta OMS

Cheias afetaram pelo menos 33 milhões de pessoas, com possível aumento nos casos de doenças transmitidas pela água e por vetores

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou para os riscos à saúde que surgem após as inundações sem precedentes no Paquistão. A agência aponta possível aumento nos casos de malária, dengue e outras doenças transmitidas pela água e por vetores.

O chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus, classificou a situação como emergência de grau três, nível mais alto de seu sistema interno de classificação. Isso significa que todos os três níveis da organização estão envolvidos na resposta: o país, os escritórios regionais e a sede em Genebra.

Em coletiva de imprensa, Tedros afirmou que, além das inundações no Paquistão, a seca e a fome no Chifre da África e ciclones mais frequentes e intensos no Pacífico e no Caribe apontam para a necessidade de ação urgente contra a ameaça existencial das mudanças climáticas.

Mais de 33 milhões de pessoas no Paquistão, e três quartos de todos os distritos, foram afetadas pelas inundações, causadas pelas chuvas das monções.

Homens afetados pelas inundações de 2022 no Paquistão (Foto: Asad Zaidi/Unicef)

Segundo as informações das autoridades paquistanesas, pelo menos mil pessoas morreram e 1,5 mil ficaram feridas. Quase 900 instalações de saúde em todo o país foram impactadas, das quais 180 estão completamente danificadas. Milhões ficaram sem acesso a cuidados de saúde e tratamento médico.

O governo declarou estado de emergência e a ONU lançou um apelo de US$ 161 milhões para o país., sendo que a OMS liberou US$ 10 milhões de um fundo de emergência para apoiar a resposta.

Entrega de suprimentos

A diretoria regional para o Mediterrâneo Oriental informou que a OMS iniciou uma resposta imediata para tratar os feridos, fornecer suprimentos vitais às unidades de saúde, apoiar as equipes de saúde móveis e impedir a propagação de doenças infecciosas

A agência da ONU e seus parceiros realizaram uma avaliação preliminar que revelou que o nível atual de impactos é muito mais grave do que nas inundações anteriores, incluindo as que arrasaram o país em 2010.

A crise agravou ainda mais os surtos de doenças, incluindo diarreia aquosa aguda, dengue, malária, poliomielite e Covid-19, particularmente nos campos para deslocados e onde as instalações de água e saneamento foram danificadas.

O Paquistão já havia registrado mais de 4,5 mil casos de sarampo neste ano e 15 casos de poliovírus selvagem, mesmo antes das fortes chuvas e inundações. Uma campanha nacional de poliomielite foi interrompida nas áreas afetadas.

Cheias devem continuar

Com as projeções de piora nas inundações nos próximos dias, a OMS está imediatamente focada em evitar a disseminação de doenças. O governo do Paquistão está liderando a resposta nacional, estabelecendo salas de controle e campos médicos.

As autoridades também estão organizando operações de evacuação aérea e realizando sessões de conscientização de saúde sobre doenças transmitidas pela água e por vetores, assim como outras doenças infecciosas, como a Covid-19.

A OMS está trabalhando em colaboração com o Ministério da Saúde para aumentar a vigilância de diarreia aquosa aguda, cólera e outras doenças transmissíveis para evitar a disseminação. E fornece medicamentos essenciais e suprimentos médicos para unidades de saúde funcionais que tratam as comunidades afetadas.

Antes das inundações, a OMS e seus parceiros haviam realizado campanhas de imunização contra a cólera em resposta ao surto pré-existente. O Paquistão também é um dos dois países endêmicos restantes da pólio no mundo, e as equipes nas áreas afetadas estão expandindo a vigilância para a pólio e outras doenças.

A OMS também levou acampamentos médicos móveis para os distritos mais afetados, entregou mais de 1,7 milhão de cápsulas para purificação de água para garantir que as pessoas tenham acesso a água potável e forneceu kits de coleta de amostras para detecção precoce de doenças infecciosas.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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