Após novos casos, sul da África inicia vacinação contra poliomielite selvagem

Poliovírus selvagem tipo 1 é endêmico apenas no Afeganistão e no Paquistão; doença afeta principalmente crianças abaixo de cinco anos

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou na quinta-feira (7) que Moçambique iniciou a terceira campanha de vacinação contra o poliovírus selvagem tipo 1. Outros países do sul da África também estão lançando um novo esforço para proteger as crianças com menos de cinco anos e impedir a propagação do vírus, com Malaui, Tanzânia e Zâmbia prestes a começar uma nova onda de imunização.

Cerca de 36 milhões de doses de vacina foram administradas pelos quatro países nas duas primeiras rodadas. As campanhas de vacinação em massa foram lançadas após um surto no Malaui, os primeiros casos de poliovírus selvagem do país em 30 anos. 

Moçambique também detectou um caso em maio. Apenas dois casos de poliovírus selvagem foram confirmados nesta região em 2022.

Os casos detectados nos dois países não alteram a certificação da África como livre do poliovírus selvagem, uma conquista declarada em 2020, porque a cepa do vírus não é nativa. 

Crianças com menos de 5 anos recebem a dose contra a poliomelite na região de Darfur, no Sudão, em fevereiro de 2011 (Foto: UN Photo/Olivier Chassot)

A análise laboratorial ligou as cepas detectadas no Malaui e em Moçambique a uma cepa que circulava na província de Sindh, no Paquistão, em 2019.

O Zimbabué vai aderir à campanha de vacinação para a terceira e quarta rodadas. O país deve realizar duas rodadas ainda este ano para garantir a cobertura total de vacinação de todas as crianças menores de cinco anos. 

Segundo a OMS, embora não faça fronteira com o Malaui, os movimentos transfronteiriços frequentes aumentam o risco de surto de poliomielite selvagem. 

Vacinação infantil

De acordo com o coordenador do Programa de Pólio no Escritório Regional da OMS para a África, Modjirom Ndoutabe, todos os esforços estão sendo feitos para vacinar todas as crianças elegíveis. 

Ele explica que a doença é perigosa e sem cura, mas a vacinação completa pode prevenir a paralisia. Por isso, a agência de saúde da ONU está apoiando os cinco países para oferecer campanhas de vacinação eficazes e de qualidade, que protegerão as crianças e eliminarão o vírus.

As rodadas de vacinação buscam garantir que cada criança menor de cinco anos seja totalmente vacinada contra o poliovírus nos países em risco. Para isso, a OMS e parceiros, incluindo Unicef, Fundação Bill e Melinda Gates, Centros dos Estados Unidos para Controle e Prevenção de Doenças e outros, estão trabalhando com as autoridades nacionais para reforçar o planejamento, entrega e monitoramento do campanhas de vacinação.

Evitar surtos futuros

Além da vacinação, a OMS e seus parceiros trabalharam para expandir dois tipos principais de vigilância para antecipar possíveis futuros surtos de poliomielite nesta região: vigilância de Paralisia Flácida Aguda e vigilância ambiental. 

O monitoramento busca detectar os sintomas físicos da poliomielite, incluindo paralisia e problemas de mobilidade, enquanto a vigilância ambiental procura encontrar amostras de águas residuais contendo vestígios de poliomielite.

Segundo a OMS, a transmissão do poliovírus selvagem permanece no nível mais baixo de todos os tempos, com apenas seis casos relatados globalmente em 2021. 

Atualmente, o poliovírus selvagem tipo 1 é endêmico apenas no Afeganistão e no Paquistão
O vírus é altamente infeccioso e afeta principalmente crianças menores de cinco anos. A doença pode causar paralisia ao longo da vida e só pode ser prevenida por imunização.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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