Israel dá indícios de ter coordenado explosões em usina nuclear do Irã

Ex-chefe da inteligência israelense concedeu entrevista à TV na qual mostrou conhecer muito bem o local da explosão

Ex-diretor do Mossad, o serviço de inteligência de Israel, Yossi Cohen sugeriu que seu país está por trás dos recentes ataques a instalações nucleares no Irã, bem como do assassinato de um cientista do país inimigo. A informação é da agência Associated Press.

Na noite de quinta-feira (10), Cohen concedeu entrevista ao programa investigativo “Uvda”, do Canal 12 de Israel. E algumas declarações dão a entender que ele conhece em detalhes as instalações nucleares iranianas. 

Um dos assuntos da conversa foi a usina nuclear de Natanz, que há cerca de um ano sofreu uma explosão no setor de centrífugas. A entrevistadora perguntou a ele qual seria o melhor lugar uma visitar dentro da instalação nuclear. Cohen sugeriu o local “onde as centrífugas costumavam girar”. Depois, acrescentou que “hoje não se parece mais com o que  era antes”. 

Yossi Cohen, ex-diretor do Mossad, serviço de inteligência de Israel (Foto: Reprodução/Channel 12)

As centrífugas, usadas para enriquecer urânio, ficavam localizadas no subsolo da usina, de forma a ficarem protegidas contra ataques aéreos. Duas explosões ocorreram no local: a primeira em julho de 2020, a segunda em abril deste ano. Desde o primeiro momento o Irã acusa Israel pelo ocorrido, embora não haja qualquer comprovação oficial.

Mesmo a jornalista Ilana Dayan mostrou conhecer o local, além de detalhes da explosão. “O responsável pela explosão fez questão de fornecer aos iranianos a fundação de mármore na qual foram instaladas as centrífugas”, disse ela. “E, quando elas foram instaladas em Natanz, os iranianos não faziam ideia de que havia ali uma enorme quantidade de explosivos”. 

Cientista assassinado

Outro tema da entrevista foi a morte do cientista iraniano Mohsen Fakhrizadeh, pioneiro no programa nuclear de Teerã. A entrevistadora afirmou que Cohen aprovou a missão para matar o físico, que também tinha patente militar de general e foi assassinado em novembro de 2020.

Durante o programa, Cohen não admite diretamente ter sido responsável pelo ataque, mas a apresentadora deu detalhes de como tudo ocorreu. Segundo ela, uma metralhadora operada por controle remoto foi instalada na caçamba de uma picape que, após disparar, se autodestruiu.

Em Israel, uma norma que já tem mais de dez anos exige que qualquer matéria jornalística que remeta à segurança nacional deve passar por um censor. O fato de a entrevista com Cohen ter sido aprovada sugere que Israel tinha a intenção de mandar uma mensagem ao Irã, segundo a Associated Press.

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