Japão projeta orçamento de US$ 40 bilhões na Defesa, que o deixaria atrás apenas de EUA e China

Tóquio está cada vez mais temerosa quanto às ambições de Beijing no Indo-Pacífico e da Rússia com suas disputas territoriais

Mencionando a guerra na Ucrânia e a conjuntura global que traz os “desafios mais difíceis” desde os anos 1940, o Ministério da Defesa do Japão solicitou nesta quarta-feira (31) um orçamento de US$ 40 bilhões, que pode tornar o país o terceiro que mais gasta com Defesa no mundo, atrás somente de Estados Unidos e China. As informações são da agência Reuters.

A expansão militar, que tem como objetivo lidar com crescentes ameaças vindas da vizinhança e também da Rússia, envolve a produção de míssil balístico de alta velocidade.

O orçamento militar japonês aumentou quase anualmente nos últimos dez anos. Mas episódios como a invasão das tropas russas em território ucraniano em fevereiro e as tensões decorrentes da questão China-Taiwan fizeram a nação asiática ampliar particularmente suas preocupações.

Tóquio pode se tornar uma das três potências bélicas do mundo em três anos (Foto: WikiCommons)

O Ministério da Defesa detalhou em uma lista de compras quais seriam os seus “objetos de desejo”. O plano de fortalecimento bélico inclui drones armados e investimento em pesquisa sobre mísseis hipersônicos. O primeiro-ministro Fumio Kishida se disse comprometido.

“A comunidade internacional enfrenta um período dos mais difíceis desafios desde a Segunda Guerra Mundial. A ordem existente enfrenta sérios desafios, à medida que o mundo entra em uma nova era de crise”, relatou o ministério em seu pedido endereçado ao governo, que acrescentou um alerta: “O que está acontecendo na Europa pode acontecer na região do Indo-Pacífico”.

O alarme sobre as ambições regionais da China disparou após a realização de exercícios militares ao redor de Taiwan – inclusive com testes de mísseis –, comportamento que sugeriu uma demonstração de força logo após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi à ilha. Cinco desses mísseis caíram em águas a menos de 160 quilômetros do território japonês.

Tóquio também tem questões territoriais mal resolvidas com Beijing. As ilhas Senkaku, embora estejam sob controle do Japão, formam um arquipélago reivindicado pela China. Barcos chineses são constantemente vistos na região, uma forma de o governo chinês pressionar os japoneses em meio à disputa territorial. Já a Ilha Yonaguni recebeu uma de quatro novas bases militares japonesas no Pacífico, de olho em um possível ataque chinês.

Outra questão citada pelo Ministério da Defesa japonês é o risco representado pela ameaça nuclear que vem da Coreia do Norte, que em 2022 realizou um número sem precedentes de testes de armas.

O órgão governamental disse que só poderá divulgar detalhes dos gastos após dezembro, quando o governo deve adotar uma nova estratégia de segurança nacional. O plano é reforçar a capacidade militar do Japão até 2027.

Autoridades de defesa não querem falar sobre o orçamento final. Porém, membros nacionalistas do partido de Kishida querem que os gastos com defesa atinjam 2% do PIB nesse período de cinco anos, o que pode chegar a cerca de 10 trilhões de ienes (US$ 72 bilhões).

Cooperação militar

Nesse cenário, Tóquio tem fortalecido sua aliança de segurança com Washington. Além disso, vem expandindo a cooperação militar com nações amigas na região da Ásia-Pacífico e na Europa.

Entre as atividades recentes, o Japão participa atualmente do Pitch Black 2022, no norte da Austrália, exercício aéreo multinacional de grande escala organizado pela Força Aérea Real Australiana (RAAF, da sigla em inglês) em parceria com os EUA. São 17 nações participantes, cem aeronaves e mais de 2,5 mil militares envolvidos.

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