Suboficial da Marinha dos EUA é condenado por vazar informações militares à China

Wenheng Zhao participou de um esquema corrupto em troca de dinheiro e foi condenado a mais de dois anos de prisão

Um suboficial da Marinha dos Estados Unidos foi condenado a mais de dois anos de prisão após admitir ter entregue informações militares sensíveis à China. O suboficial, que além da pena recebeu uma multa de multa de US$ 5,5 mil (R$ 26,9 mil), se declarou culpado em outubro por repassar dados à inteligência chinesa em troca de subornos, segundo informações da rede BBC.

Servindo em uma base naval na Califórnia, Wenheng Zhao, de 26 anos, transmitiu informações sobre exercícios militares, ordens operacionais e infraestrutura crítica entre 2021 e 2023, segundo autoridades dos EUA.

Conforme apurou o Departamento de Justiça, ele forneceu detalhes sobre os exercícios navais da Marinha norte-americana no Indo-Pacífico e compartilhou diagramas elétricos e planos de um sistema de radar na base dos EUA em Okinawa, no Japão.

Navios da Marinha dos EUA na região do Indo-Pacífico (Foto: WikiCommons)

Segundo o procurador-geral adjunto Matthew Olsen, Zhao quebrou sua promessa de proteger o país e colocou em risco os militares norte-americanos. “Agora, ele está pagando por isso”.

Olsen acrescentou que o Departamento de Justiça está “determinado a enfrentar os ataques do governo chinês à nossa segurança e responsabilizar quem desrespeita nossas leis nesse processo”.

A base naval dos EUA em Okinawa é crucial para as operações de Washington na Ásia, sendo parte da estratégia no Indo-Pacífico. Para contrabalançar a presença militar crescente da China na região, os EUA fortaleceram alianças e expandiram exercícios navais com aliados regionais. Apesar do vazamento, as autoridades norte-americanas não indicaram que informações sobre exercícios navais de outros países foram comprometidas.

Dispondo de autorização de segurança por conta de suas funções, Zhao, que servia na Base Naval de Ventura County, na cidade de Port Hueneme, entrou em instalações militares restritas para coletar informações. Em suas ações, usou métodos criptografados para transmitir dados, destruiu evidências e escondeu seu vínculo com um espião chinês.

O suboficial recebeu 14 subornos entre agosto de 2021 e maio de 2023, totalizando pelo menos US$ 14,8 mil (R$ 72,5 mil). Naturalizado cidadão dos EUA, Zhao nasceu na China, imigrou em 2009, tornou-se cidadão em 2012 e entrou na Marinha cinco anos depois. Ele estava preso de agosto na Califórnia.

Junto de Zhao, o marinheiro Jinchao Wei, também preso em agosto do ano passado, enfrenta acusações por enviar informações de defesa nacional em troca de dinheiro. Ele divulgou informações sobre o navio de assalto anfíbio USS Essex, bem como manuais técnicos descrevendo as operações e armas de navios de guerra norte-americanos.

Espionagem

Há anos, as relações entre os EUA e a China têm sido marcadas por tensões em várias questões, abrangendo segurança nacional e comércio. Washington acusa Beijing de envolvimento em espionagem e ataques cibernéticos, acusações prontamente rejeitadas pelo governo chinês. Além disso, a China afirmou estar sob constante ameaça de atividades de espionagem. Essas divergências têm contribuído para um cenário complexo e delicado nas relações bilaterais entre as duas potências globais.

Em janeiro de 2023, por exemplo, um tumulto político surgiu nos Estados Unidos quando um suposto balão espião chinês foi avistado atravessando a América do Norte, passando por locais militares sensíveis. O governo chinês afirmou que era apenas um balão meteorológico civil, enquanto as autoridades norte-americanas insistiram que era claramente destinado à vigilância de inteligência.

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