Na Ásia Oriental e Pacífico, 500 milhões de crianças respiram ar tóxico, segundo a ONU

Um em cada quatro menores morre devido à poluição causada por fábricas, veículos, resíduos agrícolas e combustíveis para cozinhar

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Todos os dias, mais de cem crianças menores de cinco anos morrem por causas associadas à poluição do ar na Ásia Oriental e Pacífico. O problema se agrava na estação seca, que vai até abril.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançou na quinta-feira (6) uma análise revelando que 500 milhões de crianças sofrem o impacto do ar tóxico na região.

Poluição doméstica e queima de combustíveis fósseis

Dentre os menores de cinco anos, uma em cada quatro mortes está associada a esta crise. Metade dos óbitos decorre da poluição doméstica, causada por combustíveis utilizados para cozinhar e aquecer as casas.

Registro da poluição atmosférica severa em Anyang, China (Foto: V.T. Polywoda/Flickr)

Além disso, cerca de 325 milhões de crianças vivem em países com níveis alarmantes de poluentes da queima de combustíveis fósseis, biomassa e resíduos agrícolas. Esse tipo de poluição também gera gases com efeito estufa, que impulsionam as alterações climáticas.

A diretora regional do Unicef para a Ásia Oriental e Pacífico, June Kunugi, disse que o ar que as crianças estão respirando contém níveis perigosos de poluição que podem prejudicar “o crescimento, os pulmões e o desenvolvimento cognitivo”.

Impacto em todas as fases da vida

Esta ameaça pode afetar todas as fases da vida de uma criança, começando no útero, com riscos de parto prematuro e baixo peso ao nascer.

Os danos continuam na primeira infância, à medida que as crianças respiram mais rapidamente e estão próximas dos poluentes troposféricos, como os gases de escape dos veículos. Isso deixa os menores mais vulneráveis ​​à asma, lesões pulmonares e atrasos no desenvolvimento.

A situação é ainda mais grave para crianças pobres, que vivem perto de fábricas ou autoestradas, onde a exposição à poluição é maior.

Perda de 9,3% do PIB

Com o tempo, a toxicidade do ar pode silenciosamente impulsionar doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, comprometendo o futuro dos menores.

O Unicef argumenta que os custos da poluição atmosférica vão muito além da saúde das crianças, ela sobrecarrega sistemas de saúde já exauridos, afeta a educação e a produtividade.

O Banco Mundial estimou que, em 2019, a poluição atmosférica causou mortes prematuras e doenças que custaram à Ásia Oriental e ao Pacífico 9,3% do seu Produto Interno Bruto, PIB, o equivalente a mais de US$ 2,5 bilhões.

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