O que está em jogo na disputa de fronteira entre China e Índia

O embate entre os países, ambos potências nucleares, pode ser longo e não permitirá mediação, avalia analista

A morte ainda nebulosa de 20 soldados indianos na fronteira entre Índia e China no vale de Galwan, à beira da Cordilheira do Himalaia, pode significar o início de uma longa queda de braço entre os dois países.

A avaliação é de Alyssa Aires, ex-secretária-assistente de Estado dos EUA para o sul da Ásia e analista do think tank CFR (Council on Foreign Relations).

Em entrevista ao canal norte-americano PBS, a especialista ressaltou que, após mais de 20 rodadas de negociações, essa região da fronteira ainda não foi inteiramente demarcada. É o primeiro conflito que termina em mortes desde 1975.

O que está em jogo na disputa de fronteira entre China e Índia
Estrada próxima à fronteira entre China e Índia (Foto: Wikimedia Commons)

“São duas potências nucleares dividindo uma fronteira que não foi de forma alguma delineada. Se não há como determinar onde as reivindicações começam ou terminam, haverá diferenças e disputas por ali”, afirmou. 

As agressões dos dois lados teriam acontecido com soldados armados de pedaços de madeira e pedras. 

A BBC informou, citando a imprensa indiana, que ao menos um coronel havia sido morto no embate. O número de chineses mortos seria 43, ainda sem confirmação de Beijing.

Próximos passos

Para Alyssa, é difícil que governo indiano, chefiado por Narendra Modi, faça concessões se não houver um passo chinês rumo à pacificação do conflito. Mas a questão não deve ser influenciada por outras nações, afirma.

“Nem China nem Índia procuram um moderador nessa questão. Eles têm seu próprio canal bilateral, mesmo que não tenha sido bem sucedido esses anos todos. Mas não acho que há abertura [para um acordo].”

No dia 17, os chanceleres dos dois países conversaram por telefone e, segundo informe oficial da Índia, “a questão poderia ter um sério impacto no relacionamento bilateral. A necessidade do momento é a de que a China reacesse suas ações e tome medidas corretivas”.

O embate mais recente entre China e Índia começou em abril, quando Nova Délhi construiu uma estrada em uma área em litígio, pleiteada pelos dois países. Foi a deixa para que Beijing ampliasse sua presença por ali, com tendas e equipamentos pesados marcando território.

A chancelaria dos dois países acusa a outra parte de invasão de território. A região, no estado indiano de Ladakh, está localizada na Caxemira. Ali, as disputas territoriais são frequentes também com o Paquistão, que reivindica alguns territórios.

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