A condenação de três oficiais pela corte marcial de Mianmar por participar de massacre contra muçulmanos rohingyas em 2017 é uma tentativa do governo de “fugir da responsabilização”, avaliou a organização HRW (Human Rights Watch).
As autoridades não informaram os nomes e patentes dessas pessoas, o papel que tiveram no massacre e ou qualquer detalhe sobre suas sentenças. Sabe-se apenas que os três indivíduos foram condenados na terça (30) por “falha ao seguir instruções”.
O massacre ocorreu na vila Gu Dar Pyin, no estado de Rakhine, oeste do país.
Segundo a ONG, as autoridades birmanesas não estão dispostas a investigar abusos sistemáticos e generalizados contra rohingyas.
A HRW pede que governos de outros países exijam que Mianmar abra os seus territórios para que investigadores internacionais “verdadeiramente independentes e imparciais” possam atuar.
O país, que enfrenta acusações de genocídio no tribunal da ONU, pratica uma brutal repressão contra os muçulmanos rohingya no país. A conduta do exército birmanês já foi categorizada como limpeza étnica.

Massacre
Testemunhas rohingyas apontam que, em 2017, centenas de soldados e policiais fortemente armados cercaram Gu Dar Pyin, atirando nos cidadãos enquanto eles tentavam fugir.
Uma missão apoiada pela ONU relatou que soldados sequestraram mulheres e meninas da vila e as estupraram em um complexo militar próximo. A agência de notícias Associated Press identificou pelo menos cinco valas comuns.
Estima-se que 300 a 400 rohingyas morreram. Cerca de 750 mil pessoas da minoria fugiram para o vizinho Bangladesh desde 2017. Os refugiados relatam assassinatos e estupros. Grupos de direitos humanos também acusam as tropas de cometer atrocidades em diversas aldeias.
O governo de Mianmar nega as acusações e afirma que o exército apenas respondeu ao ataque de um grupo armado rohingya.
Em 2018, militares chegaram a ser condenados a uma década de prisão pela morte de dez rohingyas no vilarejo de Inn Din. Um ano depois, foram libertados.