Três oficiais militares de Mianmar foram considerados culpados nesta terça (30) pela corte marcial que investigava atrocidades contra rohingyas no estado de Rakhine. A informação é da Al-Jazeera.
A condenação é uma rara ação contra membros das forças armadas birmanesas. O país, que enfrenta acusações de genocídio no tribunal da ONU, pratica uma sistemática e brutal repressão contra os muçulmanos rohingya no país.
Cerca de 750 mil pessoas da minoria fugiram para Bangladesh desde 2017. Os refugiados relatam assassinatos e estupros. Grupos de direitos humanos também acusam as tropas de cometer atrocidades em diversas aldeias.
Investigadores da ONU encontraram evidências de assassinatos extrajudiciais, ou seja, sem o devido julgamento, em Maung Nu e Chut Pyin, aldeias no estado de Rakhine.
O governo de Mianmar apoiou a justificativa do exército para as operações de 2017, como meio de erradicação dos supostos rebeldes rohingyas.
Em 2018, militares chegaram a ser condenados a uma década de prisão pela morte de dez rohingyas no vilarejo de Inn Din. Um ano depois, foram libertados.
Antiga ativista
Entre os defensores do governo de Mianmar está a vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, Aung San Suu Kyi. A birmanesa passou cerca de 15 anos em prisão domiciliar pelas mãos do regime militar local.
No ano passado, ela esteve presente nas audiências promovidas no Tribunal Internacional em Haia. A opinião pública internacional esperava uma defensa dos direitos dos rohingya. Não foi o que aconteceu.
A antiga ativista pela democracia, filha de Aung San, considerado o pai da Birmânia moderna, afirma que a operação militar foi usada para libertar uma região do país de insurgentes e terroristas.
Mianmar recebeu esse nome em 1989, pela junta militar. Historicamente, a região leva o nome de Birmânia.