ONU investiga ciberataques que teriam rendido bilhões ao programa nuclear norte-coreano

Investigação indica que hackers a serviço de Pyongyang teriam atacado empresas de criptomoedas entre 2017 e 2023

Monitores de sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) estão investigando ciberataques supostamente realizados pela Coreia do Norte que geraram bilhões de dólares para o desenvolvimento do programa de armas nucleares da fechada nação comandada pelo ditador Kim Jong-un. As informações são da agência Reuters.

Segundo comunicado emitido pelos especialistas, estão sendo investigados 58 suspeitos de ciberataques realizados em empresas de criptomoedas entre 2017 e 2023, avaliados em US$ 3 bilhões, “que supostamente ajudaram a financiar o desenvolvimento de ADM (Armas de Destruição em Massa) da RPDC (sigla para República Popular Democrática da Coreia)”.

Pyongyang não respondeu aos pedidos de comentário da reportagem sobre o relatório, mas negou envolvimento em ciberataques em outras oportunidades.

Alvos dos hackers norte-coreanos foram empresas de criptomoeda (Foto: WikiCommons)

O relatório da ONU sobre os ciberataques realizados pela Coreia do Norte está programado para ser divulgado publicamente ainda neste mês ou no início do próximo, conforme informado por diplomatas.

O documento, que a Reuters acessou em primeira mão, também destaca que Pyongyang continuou desrespeitando as sanções do Conselho de Segurança, desenvolvendo armas de destruição em massa e produzindo materiais nucleares, apesar de seu último teste nuclear conhecido ter ocorrido em 2017.

Além disso, o país realizou lançamentos de mísseis balísticos, colocou um satélite em órbita, com o qual alega ter capturado imagens detalhadas da Casa Branca, do Pentágono e de porta-aviões nucleares dos EUA, e adicionou um submarino de ataque nuclear tático ao seu arsenal.

A Coreia do Norte está proibida pelo Conselho de Segurança da ONU de realizar testes nucleares e lançamentos de mísseis balísticos desde 2006. O país enfrenta sanções das Nações Unidas, que visam interromper o financiamento de seu programa de armas de destruição em massa.

Alvos

Os monitores de sanções relataram que grupos de hackers norte-coreanos, subordinados ao Bureau Geral de Reconhecimento (RGB, da sigla em inglês), a principal agência de inteligência norte-coreana, continuaram realizando um grande número de ciberataques.

Segundo os monitores, a Coreia do Norte tem direcionado seus ataques a empresas de defesa e cadeias de suprimentos, compartilhando cada vez mais infraestrutura e ferramentas.

Entretanto, é improvável que haja novas ações contra a Coreia do Norte por parte do Conselho de Segurança, que está paralisado há vários anos sobre a questão. China e Rússia buscam o alívio das sanções para persuadir Pyongyang a retomar as negociações de desnuclearização.

Por que isso importa?

A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.

Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e a cooperar para manter a paz e a estabilidade na Península. As negociações para desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un refutou as tentativas de aproximação diplomática de Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

Tags: