A queda de natalidade na China, que inclusive levou o país a perder o posto de mais populoso do mundo para a Índia, segue preocupando o governo. Na tentativa de estimular os casais jovens a terem filhos, Beijing recorreu à censura, proibindo a exibição de seriados de televisão com temática voltada a crises conjugais e dramas familiares. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).
Como parte do sistema de censura estatal, cerca de 700 episódios de seriados foram excluídos das plataformas de vídeo Douyin e Kuaishou, sob o argumento de que reproduzem cenas com “emoções extremas.” Através da rede social Weibo, o governo confirmou ter agido porque entende que obras de ficção assim podem desestimular o casamento e contribuir para a taxa de natalidade em baixa.
“Muitos microdramas sobre este tema amplificam e exageram deliberadamente os conflitos entre marido e mulher, os conflitos entre sogra e nora e os conflitos intergeracionais através de estereótipos atraentes e relacionamentos anormais e bizarros”, diz o post.
Nos últimos anos, o governo vem adotando as mais diversas estratégia na tentativa de estimular o casamento e os nascimentos. Em 2022, também através do Weibo, muitos jovens recém-casados relataram ter recebido seguidos telefonemas de agentes do governo questionando se planejavam ter filhos e quando isso aconteceria.
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas de Beijing (NBS, da sigla em inglês), até o final de 2023, a população nacional atingiu 1,409 bilhão, uma redução de 2,08 milhões em relação a 2022.
Não são apenas os nascimentos que diminuíram. Os chineses também estão se casando cada vez menos. O número de casamentos entre jovens caiu 56% nos últimos nove anos, com menos de 11 milhões de cerimônias registradas em 2022.
Na visão do governo, vender a ideia de que as crises fazem parte de um casamento não ajuda a solucionar o problema. Daí a decisão de excluir episódios que promovam “visões prejudiciais e não convencionais sobre família, casamento e amor, e conflitos deliberadamente amplificados e exagerados.”
Os vídeos que foram atingidos são microdramas produzidos na China, que a partir do dia 1º de junho serão submetidos a uma nova regra antes de irem ao ar.