Pescadores vietnamitas estão presos na China há mais de seis meses, segundo ativistas

Vietnã enviou mensagem ao governo chinês contestando a detenção de seus cidadãos em águas disputadas pelos dois países

Pescadores vietnamitas detidos pela Guarda Costeira da China quando atuavam em aguas disputadas pelos dois países continuam presos em território chinês, mais de seis meses após o incidente. A denúncia foi feita por ativistas da Iniciativa de Sondagem do Mar da China Meridional (SCSPI, na sigla em inglês), com informações reproduzidas pela rede Radio Free Asia (RFA).

“Até onde sabemos, esses pescadores vietnamitas foram detidos em abril e maio por coleta ilegal de corais vivos, pesca elétrica e outras atividades ambientalmente destrutivas nas águas internas e territoriais das Ilhas Paracel”, disse a entidade, que não citou o número de pescadores detidos.

O Ministério das Relações Exteriores do Vietnã disse, através de um porta-voz, que entregou um protesto formal exigindo que Beijing “libertasse imediatamente todos os pescadores e embarcações de pesca, os compensasse adequadamente pelos danos e parasse com o assédio contra os pescadores vietnamitas”.

Barcos de pesca com bandeira do Vietnã (Foto: WikiCommons)

De acordo com a SCSPI, os pescadores foram presos sob a acusação de “coleta de corais vivos, pesca elétrica e outras atividades ambientalmente destrutivas”. Explosivos e detonadores teriam sido usados ​​por grupos de vietnamitas que atuam nas Paracels, mas não está claro se os homens levados pelas autoridades chineses se enquadram nessas circunstâncias.

O incidente que levou à prisão dos pescadores aconteceu nas proximidades das Ilhas Paracel, território disputado por Beijing e Hanói. Outro evento semelhante foi registrado em setembro, resultando em ferimentos para dez tripulantes de um pesqueiro vietnamita.

O episódio mais recente aconteceu após uma perseguição por navios chineses perto do arquipélago e não há relatos de que os vietnamitas tenham sido presos. Na ocasião, o capitão do barco, Nguyen Thanh Bien, disse que sua embarcação foi perseguida e encurralada, de forma que homens em trajes camuflados subiram a bordo e atacaram a tripulação.

Por que isso importa?

Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas. 

Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.

Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para realizar patrulhas, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas ​​internacionais e no espaço aéreo.

Segundo o comandante dos EUA no Indo-Pacífico, almirante John C. Aquilino, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo”.

Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.

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