Pesquisador parlamentar do Reino Unido é preso acusado de espionagem para a China

Caso revive a discussão sobre a relação entre Londres e Beijing, com acusações inclusive de interferência no Parlamento britânico

Um pesquisador do Parlamento do Reino Unido foi preso sob a Lei de Segredos Oficiais devido a suspeitas de espionagem em favor da China. O indivíduo, cuja identidade não foi revelada pelas autoridades britânicas, mas que aparenta ter cerca de 20 anos, negou qualquer envolvimento em espionagem em um comunicado divulgado por seus advogados nesta segunda-feira (11). As informações são da rede BBC.

Dois homens, um em seus 20 anos e outro aparentando 30, foram detidos no fim de semana, sendo que um deles era um pesquisador parlamentar especializado em questões internacionais. Há relatos de que este último, preso em sua casa em Edimburgo, tinha acesso a vários deputados conservadores e morou na China por um período.

Segundo a Polícia Metropolitana, buscas foram realizadas em propriedades residenciais e um terceiro endereço no leste de Londres.

Parlamento britânico (Foto: Rennett Stowe/WikiCommons)

O primeiro-ministro Rishi Sunak expressou “preocupações muito fortes” sobre a possível “interferência” da China na democracia britânica ao conversar com o primeiro-ministro Li Qiang durante a cúpula do G20 na Índia no domingo (10), já que o presidente chinês, Xi Jinping, não esteve presente devido a tensões bilaterais com Nova Délhi.

De acordo com o jornal britânico Sunday Times, o pesquisador tinha acesso ao ministro da segurança, Tom Tugendhat, e à presidente do comitê de relações exteriores, Alicia Kearns, entre outros. Múltiplas fontes governamentais se recusaram a comentar sobre questões de segurança.

O suspeito, em seu comunicado, declarou: “Sinto-me compelido a responder às alegações da mídia de que sou um ‘espião chinês'”. Ele prosseguiu afirmando que considerava injusto ter que fazer qualquer tipo de declaração pública diante das informações falsas divulgadas, e enfatizou que é “totalmente inocente”.

Um porta-voz da embaixada chinesa em Londres classificou os relatos como “calúnias maliciosas”. Em um comunicado divulgado no domingo à noite, ele afirmou: “A alegação de que a China está sendo suspeita de ‘roubar a inteligência britânica’ é completamente falsa e não passa de uma difamação maliciosa”.

O porta-voz também expressou forte oposição a essas alegações e instou as partes no Reino Unido a cessarem suas “manobras políticas anti-China” e a interromperem o que definiu como “suposta encenação política”.

Espionagem em alta

As prisões reacendem o debate sobre a relação entre Londres e Beijing, que tem sido marcada por crescentes preocupações com espionagem e interferência no Parlamento. Isso levanta questões sobre se deveriam ter sido adotadas mais medidas para mitigar esses riscos.

No ano passado, houve um alerta incomum sobre interferência parlamentar relacionada às atividades de Christine Ching Kui Lee, uma advogada baseada em Londres que foi acusada de “estabelecer ligações” para o Partido Comunista Chinês (PCC) com parlamentares britânicos. O MI5, agência de segurança do Reino Unido, alegou que ela estava envolvida em atividades de interferência política, incluindo a doação de fundos para apoiar o trabalho dos deputados, em nome da China.

Outros países, como Austrália e Canadá, também enfrentaram recentes alegações de espionagem ou interferência chinesa na política, embora o governo chinês tenha negado qualquer envolvimento nesse tipo de atividade.

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