O governo australiano aprovou a extradição de Daniel Duggan, ex-piloto da Marinha norte-americana e cidadão australiano, para enfrentar acusações nos Estados Unidos. Duggan é acusado de tráfico de armas e lavagem de dinheiro relacionados ao treinamento de pilotos de caça chineses em manobras como aterrissagens em porta-aviões, supostamente realizadas entre 2011 e 2012. As informações são do The Guardian.
As autoridades americanas alegam que Duggan treinou pilotos chineses em uma academia de voo sediada na África do Sul, com operações também na China, recebendo pagamentos pelo serviço. O caso envolve suspeitas de violações às leis de tráfico de armas, mas as acusações ainda não foram testadas em tribunal.
O ex-piloto, de 55 anos, nega as acusações e afirma sua inocência. Caso seja condenado, ele poderá enfrentar uma pena de até 60 anos de prisão.
Duggan, que serviu como fuzileiro naval por 12 anos antes de se mudar para a Austrália e abdicar de sua cidadania norte-americana, está preso em uma penitenciária de segurança máxima desde 2022, quando foi detido na residência de sua família, localizada no estado de Nova Gales do Sul. Ele é pai de seis filhos.
O procurador-geral da Austrália, Mark Dreyfus, confirmou que aprovou a extradição na última quinta-feira (19), com base na Lei de Extradição de 1988. Segundo Dreyfus, Duggan teve a oportunidade de apresentar sua defesa e todos os elementos foram analisados antes da decisão.
“Reconhecendo o interesse público neste assunto, determinei que Daniel Duggan deveria ser extraditado para os Estados Unidos para enfrentar as acusações feitas contra ele”, afirmou em nota. A entrega de Duggan deve ocorrer entre 30 de dezembro e 17 de fevereiro de 2025.
De acordo com os promotores, ele teria recebido cerca de 88 mil dólares australianos (cerca de R$ 338 mil), além de viagens internacionais, frequentemente descritas como “treinamento de desenvolvimento pessoal”.
A família de Duggan expressou profunda tristeza com a decisão, especialmente por ter sido tomada próxima ao Natal. Sua esposa, Saffrine, criticou a medida como “cruel e desumana”, ressaltando o impacto sobre seus filhos, com idades entre 6 e 18 anos. A família informou que está avaliando opções legais para contestar a decisão.
“Sentimos que o governo australiano nos abandonou e falhou em proteger uma família australiana”, afirmou Saffrine.
A entrega de Duggan será realizada sob medidas de segurança, sem detalhes operacionais divulgados. O caso também levanta questionamentos sobre as relações diplomáticas entre Austrália, Estados Unidos e China, em um momento de crescentes tensões geopolíticas.