Presidente eleito das Maldivas se inclina para a China e pede a retirada de tropas indianas

Vitória de Mohamed Muizzu nas eleições indica o aumento da tensão na região do Oceano Índico, segundo analistas

Mohamed Muizzu, presidente recém-eleito das Maldivas, anunciou que não quer manter forças militares estrangeiras no pequeno país insular do sul da Ásia. A declaração foi feita durante um comício para celebrar sua vitória nas eleições presidenciais, sinalizando uma possível mudança nas relações com a Índia, para pior, e com a China, para melhor, segundo a agência Reuters.

Isso porque o oposicionista, que desbancou o atual presidente Ibrahim Solih no segundo turno, conta com o apoio de uma coalizão com laços estreitos com Beijing. No passado, ele defendeu uma campanha chamada “Fora, Índia”, que visava a debandada de uma pequena unidade militar indiana.

A Índia tem 75 militares atualmente posicionados nas Maldivas. Nova Délhi justifica que eles estão lá para manter e operar dois helicópteros e uma aeronave doados ao pequeno país insular, segundo a agência Al Jazeera. Durante sua campanha eleitoral, Muizzu prometeu retirar essas tropas de lá.

Presidente eleito das Maldivas, Mohamed Muizzu (Foto: WikiCommons)

No passado, o partido de Muizzu interpretou a influência dominante da Índia como uma potencial ameaça à soberania, e o político acusou Nova Délhi de ter a intenção de estabelecer uma presença militar duradoura nas ilhas do Oceano Índico.

A Índia, historicamente próxima de Malé, nega essas acusações e atualmente auxilia na construção de um porto naval para treinamento do exército das Maldivas por parte de, que seria fornecido por militares indianos.

Ibrahim Solih, que priorizou uma política de “Índia em primeiro lugar”, permanecerá no cargo até a posse de Muizzu em 17 de novembro.

Oportunidades para a China

A mudança de liderança em Malé oferece uma oportunidade não apenas para Beijing, mas também para os investidores chineses, disse à Al Jazeera Michael Kugelman, diretor do sul da Ásia do think tank Wilson Center.

Segundo ele, mesmo sob a liderança de Solih, que era pró-Índia mas não hostil à China, “continuamos a observar colaborações comerciais chinesas significativas nas Maldivas”, embora em menor escala do que durante a presidência de Abdulla Yameen, que ficou no poder entre 2013 e 2018.

No entanto, a vitória de Muizzu certamente “fortalecerá as perspectivas tanto para investidores chineses quanto para estrategistas e diplomatas chineses”, acrescentou.

Por que isso importa?

A Índia estacionou militares nas Maldivas em março de 1988, durante um evento conhecido como “Operação Cactus”. A ação ocorreu em resposta a um pedido de ajuda do governo local, que enfrentava um golpe de Estado liderado por mercenários estrangeiros.

Os países têm uma relação política e militar historicamente próxima. Nova Délhi considera Malé como parte de sua esfera de influência e tem fornecido assistência militar e de segurança ao país insular.

No entanto, a relação entre os dois países também foi marcada por momentos de tensão, especialmente quando líderes maldivos passaram a expressar preocupações sobre a presença militar indiana no país. A política externa das Maldivas muitas vezes tenta se equilibrar entre a Índia e outros atores regionais, como a China.

No geral, a relação entre a Índia e as Maldivas é complexa, com uma interação significativa em questões políticas, militares e de segurança, mas também com desafios e rivalidades ocasionais.

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