Prisioneiro norte-coreano morre após ser capturado por forças da Ucrânia, diz Seul

Soldado teria morrido em razão de ferimentos sofridos na guerra, para a qual Pyongyang enviou mais de dez mil homens

A guerra na Ucrânia atingiu uma nova fase, com mais de 10 mil soldados norte-coreanos enviados para apoiar a Rússia, evidenciando o fortalecimento de uma controversa aliança entre dois regimes isolados no cenário global.

Um soldado norte-coreano, capturado pelas forças ucranianas e identificado como o primeiro prisioneiro de guerra do país no conflito, morreu devido a ferimentos graves, conforme reportou a agência de notícias Yonhap, citando a inteligência sul-coreana, repercutiu a BBC. A captura do soldado trouxe à tona uma questão delicada: a participação efetiva da Coreia do Norte na guerra como aliada militar de Moscou, apesar da falta de confirmação oficial por parte dos dois países.

Segundo a Casa Branca, as forças norte-coreanas têm sofrido baixas significativas. Estima-se que, somente na última semana, cerca de mil soldados tenham sido mortos ou feridos na região de Kursk, na Rússia. Autoridades americanas alegam que os líderes militares russos e norte-coreanos estão tratando essas tropas como “descartáveis”, ao utilizá-las em ataques suicidas contra as defesas ucranianas.

Soldado norte-coreano (Foto: WikiCommons)

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, destacou que as forças norte-coreanas estão sendo enviadas para realizar “ataques sem esperança” e “investidas em massa a pé”, uma estratégia que expõe as tropas a altas taxas de mortalidade.

Táticas de ocultação

Imagens divulgadas pelas forças ucranianas e pelo presidente Volodymyr Zelensky indicam que soldados norte-coreanos estariam recebendo identidades russas falsas para encobrir sua origem. Além disso, há relatos de que as forças russas estariam queimando os rostos dos combatentes mortos para dificultar sua identificação.

Especialistas afirmam que a mobilização de tropas norte-coreanas em grande número representa um esforço desesperado de Moscou para reforçar suas linhas de frente, enquanto a Ucrânia tenta capitalizar essas capturas para futuras trocas de prisioneiros.

“Para os ucranianos, capturar tropas norte-coreanas é estrategicamente vantajoso. Isso não apenas fornece informações valiosas sobre o envolvimento de Pyongyang, mas também cria uma moeda de troca em negociações por prisioneiros ucranianos”, explicou Yang Uk, pesquisador do Asan Institute for Policy Studies, um think tank independente de política pública com sede em Seul, na Coreia do Sul.

Tropas de elite

De acordo com os serviços de inteligência sul-coreanos e ucranianos, muitas das tropas enviadas pertencem ao Storm Corps, uma unidade de elite do 11º Corpo de Pyongyang. Esses soldados são treinados em infiltração, sabotagem e assassinatos, demonstrando o nível de comprometimento do regime norte-coreano com a campanha russa.

Zelensky alertou que a colaboração militar entre Rússia e Coreia do Norte representa uma ameaça crescente não apenas para a Ucrânia, mas também para a estabilidade da península coreana e da ordem global. Segundo ele, mais de 3.000 soldados norte-coreanos já morreram ou ficaram feridos em combates, um número que evidencia o custo humano dessa aliança.

Incertezas

A intensificação da relação entre Moscou e Pyongyang acontece em um momento de tensão crescente entre as Coreias, o que levanta preocupações em todo o mundo. A China, tradicional aliada de ambos os países, observa a situação com cautela, temendo um possível agravamento das tensões regionais.

Para o Ocidente, a participação norte-coreana no conflito russo-ucraniano reflete uma perigosa convergência de interesses entre dois regimes autocráticos que desafiam as normas internacionais. Resta saber como a comunidade global responderá a essa escalada de alianças e quais serão os desdobramentos para o já frágil equilíbrio geopolítico.

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