Programa do governo dos EUA socorre aliados atingidos pela coerção econômica da China

Washington criou uma equipe dedicada a ajudar nações que desafiaram Beijing e por essa razão foram punidas financeiramente

Dentro do Departamento de Estado norte-americano, uma equipe formada por oito especialistas e informalmente conhecida como “a empresa” vem sendo cada vez mais exigida. A missão dela é apoiar aliados dos EUA atingidos pelo que Washington classifica como “coerção econômica“, uma forma cada vez mais frequente de a China punir financeiramente países que venham a contrariar seus interesses. As informações são da rede Bloomberg.

O Departamento de Estado resolveu criar “a empresa” em 2021, quando a Lituânia foi alvo de medidas econômicas duras por parte de Beijing. Vilnius entrou na mira do Partido Comunista Chinês (PCC) porque permitiu a Taiwan abrir um escritório de representação comercial no Estado Báltico. O órgão funciona como uma embaixada de fato e contraria a posição da China, que considera a ilha parte de seu território.

EUA x China: Washington parte em socorro de aliados punidos por Beijing (Foto: WikiCommons)

Em resposta, Beijing rompeu relações comerciais com a Lituânia e gerou enorme prejuízo ao país, que pediu socorro aos EUA. Punição semelhante foi imposta pelos chineses à Austrália, que questionou a real origem da Covid-19 e em resposta passou a arcar com duras tarifas para exportação de artigos como vinho, carne bovina, cevada e carvão.

O Japão passou por problema semelhante em 2010, com o bloqueio das exportações de elementos de terras raras por Beijing, após Tóquio prender a tripulação de um barco de pesca chinês que navegava em águas japonesas. Em 2016 foi a vez da Coreia do Sul, que aprovou a instalação de um sistema de defesa antimísseis dos EUA em seu território e teve o turismo proveniente da China drasticamente reduzido.

Com casos assim cada vez mais frequentes, o Departamento de Estado destacou os integrantes de sua equipe especial para atuarem como consultores comerciais para aliados atingidos. Eles são encarregados de buscar alternativas para que esses países diversifiquem suas exportações, encontrem mercados fora da China e, se for o caso, recebam uma manifestação pública de apoio de Washington.

Quem atualmente recebe o socorro norte-americano é o governo das Filipinas, que trava com Beijing uma disputa territorial no Mar da China Meridional. Jose Manuel Romualdez, embaixador filipino nos EUA, avalia que os chineses cada vez mais “usam sua influência econômica para atrair ou isolar países.”

Segundo o grupo de trabalho do governo norte-americano, há cada vez mais interessados em receber o socorro. “Os países estão chegando, e chegam dizendo: ‘Queremos o tratamento da Lituânia’”, disse José Fernandez, subsecretário dos EUA para o crescimento econômico e ambiente, citando nações da Ásia, da África, da América Latina e da Europa.

No caso lituano, o que os EUA ofereceram foi uma oferta de crédito comercial de US$ 600 milhões, um acordo de aquisição recíproca com o Departamento de Defesa e melhor acesso ao mercado norte-americano para produtos agrícolas da nação báltica.

Segundo Fernandez, é “uma crítica justa” afirmar que o suporte oferecido atualmente por Washington a seus aliados é uma forma de compensar a falta de ajuda anterior, o que acabou por levá-los à China. “Decidimos que já tínhamos visto esse filme antes e que era hora de parar a fita”, disse ele.

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