Rebeldes tentaram explodir aeroporto quando líder da junta de Mianmar viajava para a China

Bomba foi atirada no aeroporto de Naipidau na tentativa de atingir o general Min Aung Hlaing, que seguia para uma cúpula regional

O aeroporto de Naipidau, em Mianmar, recebeu nesta terça-feira (5) o general Min Aung Hlaing, que comanda a junta militar no poder desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021 e fez uma viagem para a China. Grupos rebeldes armados aproveitaram a oportunidade para atacar o local. Não foram relatadas vítimas, e a viagem da autoridade ocorreu normalmente, segundo a rede Radio Free Asia (RFA).

A Força de Defesa Popular de Naipidau, uma organização armada que faz resistência ao regime militar, reivindicou a autoria do ataque. “Bombardeamos o aeroporto hoje porque o líder da junta está indo para a China. Podemos confirmar o bombardeio”, disseram os rebeldes em comunicado. “Aqueles que realizaram a missão no solo estão fora de perigo.”

O general à frente da junta militar de Mianmar, Min Aung Hlaing (Foto: FMT/Creative Commons)

Por meio do aplicativo de mensagens Telegram, porta-vozes extraoficiais dos militares disseram que uma bomba feita a partir de um cano de PVC foi usada para atacar o aeroporto. O artefato foi lançado na pista do aeroporto por volta de 8h e chegou a explodir, mas não feriu ninguém. O general desembarcou mais tarde na cidade de Kunming, no sul da China.

A visita ocorre em razão de uma cúpula que envolve ainda Tailândia, Laos, Vietnã e Camboja. O governo birmanês afirma que seu chefe se “reunirá e discutirá com autoridades governamentais da República Popular da China sobre a amizade entre os governos e os povos dos dois países, para desenvolver e fortalecer a cooperação econômica e multissetorial”.

O Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que o objetivo da cúpula é “manter uma comunicação profunda com todas as partes e promover a interconectividade regional, o comércio e o investimento”.

Relacionamento em crise

Inicialmente, o golpe de Estado de fevereiro de 2021 foi recebido com reprovação pela China, que vinha dialogando para firmar acordos comerciais com o governo eleito e perdeu financeiramente com a queda. Mas o cenário mudou rapidamente. Para não se distanciar da junta, Beijing classificou a prisão da líder democrática Aung San Suu Kyi e de outros funcionários do governo como uma “remodelação de gabinete”, palavras usadas pela agência de notícias estatal Xinhua.

Atualmente, no entanto, a relação entre a China e os militares atravessa um período de instabilidade, conforme o conflito entre a junta e grupos rebeldes armados respinga nos negócios chineses e atinge cidadãos do país.

Em outubro, uma explosão registrada no consulado da China na cidade de Mandalay colocou Beijing em alerta para os riscos que seus cidadãos correm na nação do Sudeste Asiático. Bejing, então, cobrou uma ação incisiva dos militares para coibir esse tipo de ato, enquanto os principais grupos rebeldes negaram relação com o ataque.

A insatisfação com o cenário tenso em Mianmar levou Beijing inclusive a pressionar os governantes birmaneses pela realização de eleições nacionais. No setor de defesa, no entanto, não existe crise, e empresas da China seguem entre os principais fornecedores de armas para o regime autoritário liderado por Min Aung Hlaing.

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