Seul afirma que Coreia do Norte enviou sete mil contêineres de armas para a Rússia

Troca de favores: enquanto Kim busca ajuda econômica e tecnológica para seu país, Putin está interessado em equipamento militar para a guerra na Ucrânia

A Coreia do Sul afirmou na segunda-feira (18) que a Coreia do Norte enviou aproximadamente sete mil contentores de armas para a Rússia desde o início de transferências de equipamentos militares em julho de 2023, para serem usados na guerra com a Ucrânia. Esses contêineres são utilizados para transportar armamentos, munições, explosivos e outros materiais de uso do exército. As informações são do site The Defense Post.

O ministro da Defesa sul-coreano, Shin Won-sik, revelou que o número de contentores enviados da Coreia do Norte para a Rússia aumentou em 300, “totalizando cerca de sete mil contentores até o momento”, conforme informado pela sua pasta à agência AFP durante coletiva de imprensa na segunda-feira. Ele acrescentou que, que com “algumas rotas marítimas suspensas agora, algumas foram enviadas por via férrea”.

Parceiros de longa data, Rússia e Coreia do Norte enfrentam uma série de sanções globais. Moscou, por conta da invasão à Ucrânia, e Pyongyang, em consequência dos testes de armas nucleares – que já testou mísseis nucleares e disse como usaria em potenciais conflitos contra Seul e Washington.

Após uma cúpula entre os líderes Vladimir Putin e Kim Jong-un no extremo leste da Rússia em setembro, os Estados Unidos afirmaram que Pyongyang começou a fornecer armas à Rússia. Durante a visita, Kim declarou “prioridade nos laços bilaterais”, expressando apoio à guerra contra Kiev.

Kim e Putin brindam às relações bilaterais durante encontro em 2019 (Foto: WikiCommons)

Em outubro de 2023, Washington relatou envios de armas de Pyongyang para Moscou, estimando mais de mil contentores de equipamento militar. No mês seguinte, Seul acusou Pyongyang de enviar mais de um milhão de tiros de artilharia para a Rússia, enquanto o Norte buscava orientação técnica de Moscou para um projeto de satélite militar.

Washington e especialistas corroboram com a informação de que Pyongyang busca assistência militar com os russos, como tecnologia de satélite e atualização de equipamento soviético. Enquanto isso, a mídia estatal norte-coreana noticiou que Kim parabenizou Putin por sua reeleição para um quinto mandato.

A mensagem do ditador norte-coreano dizia: “Darei as mãos firmemente a vocês e criarei uma nova era de amizade entre a Coreia do Norte e a Rússia”.

Troca de favores

Na visão de analistas ouvidos pela agência Reuters, a aproximação entre os líderes tem o potencial de influenciar a maneira como a Coreia do Norte, um país recluso e desconfiado, irá moldar suas relações com Rússia e China.

O encontro dos líderes no ano passado, o primeiro em anos, ocorreu em um contexto de necessidade mútua de apoio diante dos desafios apresentados pelo Ocidente: enquanto Kim busca auxílio econômico e tecnológico para acudir um país mergulhado na pobreza, Putin parece interessado em obter equipamento militar para a guerra de desgaste contra a Ucrânia.

No início de seu governo, Kim manteve relações frias com Beijing e Moscou, devido à adesão de ambos os países às sanções internacionais contra a Coreia do Norte, motivadas pelos programas nucleares e de mísseis.

A partir de 2018, Kim iniciou esforços para melhorar os vínculos, aproveitando as tensões que surgiram entre China, Rússia e os Estados Unidos, bem como outros países.

Embora Pyongyang e Moscou tenham negado qualquer fornecimento de armas da Coreia do Norte para a Rússia, eles expressaram intenções de fortalecer seus laços militares, incluindo a possibilidade de exercícios conjuntos, além de discutirem a ajuda humanitária russa para a nação insular.

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